Nova rodada de negociações sobre guerra na Ucrânia vai ocorrer nos EUA, diz Zelensky

Nova rodada de negociações sobre a guerra na Ucrânia deve acontecer até o fim de semana nos Estados Unidos, informou o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, ao chegar à cúpula europeia em Bruxelas nesta quinta-feira (18). Negociadores ucranianos estão a caminho de Washington, onde planejam se reunir com os representantes americanos nesta sexta-feira e no sábado, acrescentou o líder de Kiev.

18 dez 2025 - 10h24

Durante uma troca de mensagens com jornalistas, Zelensky indicou que não há uma proposta definitiva e consensual para o plano de paz e reiterou seu apelo por apoio internacional à Ucrânia.

Esta nova rodada de negociações entre os EUA e a Ucrânia ocorrerá pouco antes de uma reunião entre enviados russos e americanos sobre a guerra, agendada para este fim de semana na Flórida, de acordo com um funcionário da Casa Branca. A presidência dos EUA não forneceu detalhes sobre a composição das delegações russo-americanas.

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"Todos nós sabemos a posição da Rússia: ela quer tomar todo o Donbass e, neste momento, quer que deixemos o Donbass. Essa é a posição dela", salientou Zelensky nesta quinta-feira.

A região, que concentra o foco industrial ucraniano, compreende Lugansk, quase inteiramente sob controle de Moscou, e Donetsk, ainda 20% sob controle do exército ucraniano. O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou na quarta-feira que os objetivos de sua ofensiva na Ucrânia "serão, sem dúvida, alcançados".

Os detalhes do plano americano, após sua revisão em Berlim com os ucranianos, ainda não são conhecidos, mas Kiev indicou que ele envolvia concessões territoriais de sua parte. O documento original de Washington foi percebido por Kiev e pelos europeus como amplamente favorável à posição do Kremlin.

UE em impasse sobre financiamento para a Ucrânia

Nesta quinta e sexta-feiras, os líderes europeus, reunidos na Bélgica, buscam maneiras de financiar o esforço de guerra da Ucrânia, seu exército e seu orçamento. "Putin está apostando em nosso fracasso. Não vamos dar essa chance a ele", declarou a chefe da diplomacia da UE, Kaja Kallas, ao chegar à cúpula.

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Os 27 países do bloco "não sairão" da sala sem um acordo para financiar a Ucrânia nos próximos dois anos, reiterou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

Mas o consenso não está garantido. A maioria dos países, a começar pela Alemanha, quer usar os ativos congelados do banco central russo na Europa para financiar um "empréstimo para reparos" de € 90 bilhões (cerca de R$ 585 bilhões) para a Ucrânia. Entretanto, a maior parte desses ativos, cerca de € 210 bilhões (R$ 1,34 trilhão), está na Bélgica, e o primeiro-ministro Bart De Wever ainda não está disposto a dar sua aprovação.

"Para ser claro, nunca vi um texto que me convencesse e demonstrasse a concordância da Bélgica", disse o conservador flamengo na quinta-feira. "Espero vê-lo hoje, mas ainda não o vi", insistiu ele perante o Parlamento belga.

"Precisamos de um paraquedas antes de pular. Se querem que a gente pule, devemos pular todos juntos", alegou, ao explicar que a Bélgica se recusa a ficar "sozinha" ao assumir os riscos de tal operação, sem precedentes na Europa.

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Bart De Wever teme represálias russas "para sempre" e exige uma proteção robusta dos interesses de seu país, inclusive na Rússia. Já seus parceiros europeus consideram a exigência desproporcional: eles estão dispostos a garantir um empréstimo à Ucrânia, mas não a assinar um "cheque em branco", explicou um dos negociadores europeus.

Em busca de uma solução após recuo de Trump

Os europeus prometeram fornecer a maior parte do apoio financeiro e militar a Kiev nos próximos dois anos, após o corte de financiamento dos EUA decidido por Donald Trump. "Não vejo opção melhor" do que usar recursos russos, declarou o chanceler alemão, Friedrich Merz, na quinta-feira.

Sem um acordo, a Ucrânia corre o risco de ficar sem dinheiro já no primeiro trimestre de 2026. "Sem essa decisão, haverá um grande problema para a Ucrânia", disse o presidente ucraniano antes da viagem a Bruxelas. "Se não conseguirmos fazer isso, a capacidade de ação da União Europeia ficará seriamente comprometida por anos, e até por mais tempo", havia alertado Zelensky no início desta semana.

A decisão de usar os ativos russos congelados pode ser tomada por uma maioria qualificada dos Estados-membros, o que, teoricamente, incluiria a Bélgica, mas principalmente a Hungria, o país europeu mais próximo do Kremlin, que se opõe totalmente a essa opção.

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Com AFP

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