França: agricultores se reúnem com Macron para debater acordo UE-Mercosul e abate de gado contaminado

Emmanuel Macron recebe nesta terça-feira (23) os sindicatos agrícolas para tratar do acordo UE-Mercosul, ao qual eles se opõem. O tema da dermatose bovina também emerge nas conversas, diante dos bloqueios rodoviários que ainda persistem em algumas regiões da França.

23 dez 2025 - 15h09

Os sindicatos FNSEA, Jovens Agricultores (JA), Coordenação Rural e Confederação Camponesa informaram à AFP que a reunião começaria às 16h30, hora de Paris. Este é o primeiro encontro entre o chefe de Estado e os sindicatos desde o início de dezembro e do começo da crise que abala a pecuária francesa, devido à dermatose nodular contagiosa (DNC). 

Também é a primeira reunião desde o anúncio, na última quinta-feira (18), do adiamento — a princípio para 12 de janeiro — da assinatura do contestado tratado entre a UE e países do Mercosul, após a mobilização de milhares de agricultores com seus tratores em Bruxelas. 

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Esse acordo visa facilitar a entrada na Europa de carne, açúcar, arroz, mel e soja sul-americanos, o que preocupa os setores envolvidos, que afirmam que esses produtos não seguem as mesmas normas, especialmente ambientais e sanitárias, que os europeus. Por outro lado, permitiria aos europeus exportar mais veículos, máquinas, vinhos e destilados para a América do Sul. 

Emmanuel Macron comemorou o adiamento da assinatura, pedindo que os "avanços" exigidos pela França, mas também pela Itália, se concretizem para que "o texto mude de natureza". 

Os sindicatos agrícolas estão insatisfeitos há meses e pediam que o presidente assumisse uma posição clara, depois que ele declarou em novembro ser "mais positivo" quanto à possibilidade de aceitar o acordo. 

Agricultores bradam "Mercosul = NÃO" 

"O recado da FNSEA ao Presidente da República continuará inalterado, firme e claro: Mercosul = NÃO", declarou nesta terça-feira o sindicato dominante em comunicado. A Coordenação Rural e a Confederação Camponesa, que lideram os protestos contra a gestão da dermatose pelo governo e são opositores históricos ao tratado UE-Mercosul, também confirmaram presença para essa reunião, que contará com a ministra da Agricultura francesa, Annie Genevard, segundo seu gabinete. 

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"Não nos limitamos a nos opor a esse acordo. Da forma como está, conseguimos concessões inéditas em benefício dos nossos agricultores, seja o acordo assinado ou não", declarou Jean-Noel Barrot, ministro das Relações Exteriores, durante perguntas ao governo nesta terça-feira, citando "medidas espelho para garantir reciprocidade", "controles alfandegários" e cláusulas de salvaguarda anunciadas em setembro pela Comissão Europeia. 

Protestos contra abate de rebanhos

Os agricultores franceses já avisaram que voltarão a se mobilizar no início de janeiro, considerando essas respostas insuficientes. Mas alguns protestam há mais de dez dias, principalmente contra o abate total dos rebanhos nos quais foram detectados casos de dermatose bovina no sudoeste. 

Nesta terça-feira, os bloqueios nas rodovias foram mantidos, especialmente ao sul de Bordeaux, e nas regiões de Carbonne (Haute-Garonne) e Briscous (Pirineus Atlânticos). 

A mobilização dos agricultores teve um leve aumento na segunda-feira (35 ações envolvendo 1.200 pessoas) em comparação com domingo (23 ações), mas está bem abaixo dos números da semana passada (110 ações na quinta, 93 na sexta). 

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Com AFP

A RFI é uma rádio francesa e agência de notícias que transmite para o mundo todo em francês e em outros 15 idiomas.
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