Os sindicatos FNSEA, Jovens Agricultores (JA), Coordenação Rural e Confederação Camponesa informaram à AFP que a reunião começaria às 16h30, hora de Paris. Este é o primeiro encontro entre o chefe de Estado e os sindicatos desde o início de dezembro e do começo da crise que abala a pecuária francesa, devido à dermatose nodular contagiosa (DNC).
Também é a primeira reunião desde o anúncio, na última quinta-feira (18), do adiamento — a princípio para 12 de janeiro — da assinatura do contestado tratado entre a UE e países do Mercosul, após a mobilização de milhares de agricultores com seus tratores em Bruxelas.
Esse acordo visa facilitar a entrada na Europa de carne, açúcar, arroz, mel e soja sul-americanos, o que preocupa os setores envolvidos, que afirmam que esses produtos não seguem as mesmas normas, especialmente ambientais e sanitárias, que os europeus. Por outro lado, permitiria aos europeus exportar mais veículos, máquinas, vinhos e destilados para a América do Sul.
Emmanuel Macron comemorou o adiamento da assinatura, pedindo que os "avanços" exigidos pela França, mas também pela Itália, se concretizem para que "o texto mude de natureza".
Os sindicatos agrícolas estão insatisfeitos há meses e pediam que o presidente assumisse uma posição clara, depois que ele declarou em novembro ser "mais positivo" quanto à possibilidade de aceitar o acordo.
Agricultores bradam "Mercosul = NÃO"
"O recado da FNSEA ao Presidente da República continuará inalterado, firme e claro: Mercosul = NÃO", declarou nesta terça-feira o sindicato dominante em comunicado. A Coordenação Rural e a Confederação Camponesa, que lideram os protestos contra a gestão da dermatose pelo governo e são opositores históricos ao tratado UE-Mercosul, também confirmaram presença para essa reunião, que contará com a ministra da Agricultura francesa, Annie Genevard, segundo seu gabinete.
"Não nos limitamos a nos opor a esse acordo. Da forma como está, conseguimos concessões inéditas em benefício dos nossos agricultores, seja o acordo assinado ou não", declarou Jean-Noel Barrot, ministro das Relações Exteriores, durante perguntas ao governo nesta terça-feira, citando "medidas espelho para garantir reciprocidade", "controles alfandegários" e cláusulas de salvaguarda anunciadas em setembro pela Comissão Europeia.
Protestos contra abate de rebanhos
Os agricultores franceses já avisaram que voltarão a se mobilizar no início de janeiro, considerando essas respostas insuficientes. Mas alguns protestam há mais de dez dias, principalmente contra o abate total dos rebanhos nos quais foram detectados casos de dermatose bovina no sudoeste.
Nesta terça-feira, os bloqueios nas rodovias foram mantidos, especialmente ao sul de Bordeaux, e nas regiões de Carbonne (Haute-Garonne) e Briscous (Pirineus Atlânticos).
A mobilização dos agricultores teve um leve aumento na segunda-feira (35 ações envolvendo 1.200 pessoas) em comparação com domingo (23 ações), mas está bem abaixo dos números da semana passada (110 ações na quinta, 93 na sexta).
Com AFP