Na rede social X, o presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou ter conversado com Breton para agradecê-lo por "seu trabalho considerável ao serviço da Europa". O líder centrista também prometeu continuar a defender "a independência da Europa e a liberdade dos europeus".
Je viens de m'entretenir avec @ThierryBreton . Je l'ai remercié pour le travail considérable accompli au service de l'Europe. Nous ne céderons rien et nous protègerons l'indépendance de l'Europe et la liberté des Européens.
— Emmanuel Macron (@EmmanuelMacron) December 24, 2025
As medidas foram anunciadas na terça-feira (23) pelo governo de Donald Trump, sob a forma de proibição de entrada e estadia nos Estados Unidos. O Departamento de Estado americano classificou os mecanismos de regulação digital europeus de "censura".
"Por muito tempo, os ideólogos na Europa lideraram esforços organizados para coagir as plataformas americanas e punir os pontos de vista americanos com os quais não concordam", justificou o secretário de Estado americano, Marco Rubio, na rede social X. "A administração Trump não tolerará mais estes atos atrozes de censura extraterritorial", acrescentou.
A lei europeia sobre serviços digitais (DSA, sigla em inglês) foi concebida por Bruxelas para combater discursos de ódio e a desinformação online. Ex-comissário europeu do Mercado Interno, Thierry Breton é considerado o idealizador da medida que impõe regras às plataformas diversas - como a obrigação de sinalizar conteúdos indevidos - consideradas pelos Estados Unidos uma violação da liberdade de expressão. Ele entrou em choque com empresários do setor de tecnologia, como Elon Musk, por fazer cumprir as normas estabelecidas pela União Europeia.
A Casa Branca publicou, no início deste mês, um documento de estratégia de segurança nacional no qual acusa os líderes europeus de censurar a liberdade de expressão e de eliminar qualquer oposição a políticas de imigração. Segundo o governo Trump, essas supostas iniciativas podem provocar um "apagamento civilizacional" na Europa.
Defesa da autonomia regulatória
Bruxelas declarou ter solicitado esclarecimentos a Washington. "Se necessário, responderemos de forma rápida e firme para defender nossa autonomia regulatória contra qualquer medida injustificada", reagiu a Comissão Europeia, em um comunicado.
Na rede social X, Thierry Breton denunciou um "vento de macartismo" nos Estados Unidos, em alusão à caça às bruxas anticomunista conduzida pelo senador americano Joseph McCarthy nos anos 1950.
"Para lembrar: 90% do Parlamento Europeu - democraticamente eleito - e os 27 Estados‑membros, por unanimidade, votaram o DSA", a legislação europeia sobre o digital, destacou ele. "Aos nossos amigos americanos: a censura não está onde vocês pensam", concluiu.
Un vent de maccarthysme souffle-t-il à nouveau ? 🧹
Pour rappel : 90 % du Parlement européen — démocratiquement élu — et les 27 États membres à l'unanimité ont voté le DSA 🇪🇺
À nos amis américains : « La censure n'est pas là où vous le pensez. »
— Thierry Breton (@ThierryBreton) December 23, 2025
As sanções americanas também visam o britânico Imran Ahmed, diretor‑executivo do Center for Countering Digital Hate, sediado nos Estados Unidos; Anna‑Lena von Hodenberg e Josephine Ballon, da ONG alemã HateAid; e Clare Melford, cofundadora do Global Disinformation Index.
O Ministério da Justiça da Alemanha expressou seu "apoio" e "solidariedade" às duas ativistas alemães sancionadas. "Quem descreve isso como censura distorce nosso sistema constitucional", afirmou a pasta em um comunicado. "As regras segundo as quais queremos viver no espaço digital na Alemanha e na Europa não são decididas em Washington", reitera a nota.
O Ministério das Relações Exteriores da Espanha também condenou nesta quarta‑feira as sanções impostas pelos Estados Unidos, classificando-as de "medidas inaceitáveis entre parceiros e aliados". Em comunicado, Madri expressou sua solidariedade ao ex‑comissário europeu Thierry Breton e aos membros das organizações "que lutam contra a desinformação e os discursos de ódio", considerando "fundamental para a democracia na Europa" ter um "espaço digital seguro".
RFI com agências