Em discurso de Ano-Novo, Macron promete defender a França de interferência estrangeira nas eleições

O presidente francês Emmanuel Macron fez um discurso na noite desta quarta-feira (31) durante os tradicionais votos de Ano-Novo em rede nacional. Em seu pronunciamento, o chefe de Estado reafirmou o compromisso com suas promessas de mandato e alertou para a instabilidade internacional, garantindo que vai lutar para que as próximas eleições presidenciais, em 2027, não sofram nenhum tipo de ingerência externa.

31 dez 2025 - 17h24

Em um discurso de cerca de 10 minutos, Macron chamou a atenção para a instabilidade vivida não apenas pela França. "Assistimos ao retorno dos impérios, à contestação da ordem internacional, ao mundo de guerras comerciais, de competição tecnológica e, frequentemente, de instabilidade", disse Macron, após lembrar que a Europa vive uma guerra em seu território desde que Vladimir Putin invadiu a Ucrânia, há quatro anos.

Imagem do presidente francês, Emmanuel Macron, durante discurso de Ano-Novo em rede nacional neste 31 de dezembro de 2025.
Imagem do presidente francês, Emmanuel Macron, durante discurso de Ano-Novo em rede nacional neste 31 de dezembro de 2025.
Foto: AFP - DIMITAR DILKOFF / RFI

"Nesse momento em que a lei do mais forte tenta se impor nos assuntos mundiais e que a Europa é pressionada por todos os lados, temos que defender nossa independência e nossa liberdade", declarou o chefe de Estado.

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Macron lembrou que no final de 2026 a França entrará em um ano de eleição presidencial - "a primeira dos últimos dez anos da qual não participarei", frisou. No entanto, ele insistiu que se manterá vigilante para que o pleito de 2027 aconteça sem interferência de atores externos.

"Farei tudo para que a eleição presidencial se realize da forma mais serena possível, em particular livre de qualquer ingerência estrangeira", declarou o presidente francês.

As ingerências digitais estrangeiras, as tentativas de manipulação da opinião nas redes sociais e as ações de pirataria se multiplicaram nos últimos anos na maioria das campanhas eleitorais na França, e as municipais de março de 2026 e a presidencial de 2027 não escaparão à regra, segundo o serviço Viginum, encarregado de combater essas desestabilizações.

Orçamento bloqueado

Sobre a política interna, Macron disse que "é indispensável que o governo e o Parlamento se dediquem, desde as primeiras semanas do ano, a construir acordos para dotar a Nação de um orçamento". O projeto de lei de finanças para 2026, cujo exame no Parlamento não pôde ser concluído antes de 31 de dezembro, deve voltar à Assembleia Nacional a partir de 8 de janeiro na comissão de Finanças.

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"Estarei até o último segundo trabalhando, tentando a cada dia estar à altura do mandato que vocês me confiaram", declarou o presidente, enquanto vozes já se levantaram até dentro do campo presidencial para pedir uma eleição antecipada.

"Esse será um ano útil", martelou o chefe de Estado, prometendo concluir vários projetos em andamento. Ele mencionou a questão do engajamento dos jovens nas Forças Armadas, a proteção das crianças e adolescentes diante dos riscos das redes sociais e o debate sobre a eutanásia, temas que iniciou durante seu mandato.

Macron fez votos de união no país, ampliando também para a Europa, que, segundo ele, deve se proteger do ponto de vista militar, mas também industrial e agrícola. "Disso depende a nossa prosperidade, na França e na Europa", frisou.

O presidente terminou seu discurso fazendo "votos de esperança", pedindo que a população não renuncie ao progresso e se mantenha solidária. "Não renunciemos a conciliar clima, biodiversidade, crescimento e independência", disse Macron.

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