O Tribunal de Contas francês divulgou um relatório nesta quinta-feira (6) criticando a falta de investimentos na segurança do museu do Louvre, em Paris, três semanas após o roubo de joias que resultou em um prejuízo estimado de € 88 milhões.
"O roubo das joias da Coroa é, sem dúvida, um sinal de alerta sobre o ritmo inadequado da renovação dos equipamentos de segurança do museu", declarou Pierre Moscovici, presidente do Tribunal, durante uma coletiva de imprensa para apresentar o relatório.
O documento sobre as finanças do museu já vinha sendo preparado pelo Tribunal antes do assalto de 19 de outubro e também critica a gestão do estabelecimento. Segundo o relatório, apesar dos recursos que têm à disposição, o Louvre tem dificuldade para hierarquizar seus projetos, o que acaba dificultando os financiamentos.
O museu, aponta o texto, "priorizou operações 'visíveis e atraentes' em detrimento da manutenção e renovação dos edifícios e instalações técnicas, especialmente de segurança e vigilância". Como já havia mencionado em um pré-relatório, o Tribunal francês ainda aponta "o atraso considerável no ritmo dos investimentos" e menciona a "degradação acelerada" do museu, que recebeu 9 milhões de visitantes em 2024, sendo 80% deles estrangeiros.
O Tribunal francês ainda cita gastos excessivos relacionados à compra de obras de arte e aos projetos de retomada pós-pandemia, além de perdas de receita devido a ineficiências e fraudes na bilheteria. Elas teriam contribuído para a incapacidade do museu de modernizar suas infraestruturas, segundo o relatório. As conclusões foram baseadas na análise da gestão entre 2018 e 2024.
A direção do Louvre respondeu às críticas e diz que "aceita a maioria das recomendações", mas o documento "omite" várias ações, especialmente na área de segurança. Sindicatos afirmam que o roubo de 19 de outubro foi facilitado pela falta de segurança, que Moscovici acredita que é possível melhorar "sem aumento significativo de efetivos". "Os equipamentos de segurança eram inadequados", afirmou.
Conselho de administração se reúne na sexta-feira
As primeiras conclusões da investigação administrativa conduzida pelo Ministério da Cultura após o roubo, divulgadas na semana passada pela ministra Rachida Dati, revelaram que o risco de intrusão e roubo foi "subestimado" e mostrou uma carência dos dispositivos de segurança.
A ministra anunciou medidas para responder a uma "falha grave de segurança" na parte externa do museu, incluindo a instalação, "antes do fim do ano", de "dispositivos anti-intrusão".
Ela também solicitou à diretora do Louvre, Laurence des Cars, no cargo desde setembro de 2021, que "revise a governança" do museu e crie "uma nova direção de segurança e vigilância". Um conselho de administração do Louvre foi convocado "com urgência" para esta sexta-feira (7).
Laurence des Cars reconheceu falhas no sistema de segurança do museu diante da Comissão de Assuntos Culturais do Senado, há duas semanas. No dia do roubo, quatro criminosos conseguiram estacionar um caminhão-elevador ao lado do Louvre, permitindo que dois deles subissem até a Galeria de Apolo.
Os assaltantes arrombaram uma porta de vidro e roubaram joias reais e imperiais avaliadas em € 88 milhões, abrindo as vitrines com ferramentas antes de fugirem pelo mesmo caminho. Quatro pessoas, três delas suspeitas de participação direta no roubo, foram indiciadas e presas até o momento. As joias ainda não foram recuperadas.
Com agências