EUA rejeitam pedido da Rússia para barrar Ucrânia da Otan

Americanos apresentaram resposta formal a lista de propostas da Rússia para conter crise em torno da Ucrânia — e não fizeram concessões.

26 jan 2022 - 22h15
(atualizado às 22h18)
'Resta à Rússia decidir como responder', disse o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken. 'Estamos prontos de qualquer maneira'
'Resta à Rússia decidir como responder', disse o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken. 'Estamos prontos de qualquer maneira'
Foto: Reuters / BBC News Brasil

Os Estados Unidos rejeitaram uma demanda da Rússia para barrar uma eventual entrada da Ucrânia na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, apresentou na quarta-feira (26) esta e outras decisões em uma resposta formal às propostas da Rússia para resolver a crise na Ucrânia.

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Blinken não fez concessões, mas disse que está oferecendo a Moscou "um caminho diplomático sério, caso a Rússia opte por isso ".

Um ministro russo disse que seu país estudaria a resposta de Blinken, entregue em coordenação com a Otan.

A Rússia havia apresentado uma lista escrita com suas preocupações sobre a expansão da aliança militar da Otan e questões de segurança relacionadas. Entre elas, estava uma exigência para que organização excluísse a possibilidade de a Ucrânia e outros países entrarem na aliança.

A Ucrânia é considerada um "país parceiro", mas não membro da Otan. Isso significa que há um entendimento de que o país possa ingressar na aliança em algum momento no futuro.

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Nas últimas semanas, a Rússia vem juntando um grande número de soldados na fronteira com a Ucrânia, algo que os países ocidentais interpretam como uma preparação para uma possível invasão. A Rússia nega isso.

Blinken disse que a resposta dos EUA deixou seus "princípios fundamentais" claros, incluindo a defesa da soberania da Ucrânia e seu direito de escolher fazer parte de alianças de segurança como a Otan.

"Não deve haver dúvidas sobre a seriedade de nossos propósitos quando se trata de diplomacia, e estamos agindo com igual foco e força para reforçar as defesas da Ucrânia e preparar uma resposta rápida e unida a novas hostilidades russas", disse o secretário de Estado.

"Resta à Rússia decidir como responder", acrescentou. "Estamos prontos de qualquer maneira."

Blinken acrescentou que os EUA enviaram três carregamentos de "assistência" militar nesta semana — incluindo mísseis Javelin e armamento antiblindagem, juntamente com centenas de toneladas de munição e equipamentos.

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Conversas confidenciais

O secretário americano também negou qualquer divergência entre os EUA e seus aliados europeus. A Otan, disse ele, preparou seu próprio conjunto de propostas que "reforça totalmente as nossas (propostas americanas) e vice-versa".

Mas a resposta formal dos EUA não será tornada pública.

"A diplomacia tem mais chance de sucesso se dermos espaço para conversas confidenciais", disse Blinken.

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, informou que o documento da aliança também foi entregue a Moscou. Ele afirmou que, embora esteja disposto a ouvir as preocupações da Rússia, defendeu que todas as nações têm o direito de escolher suas próprias estratégias de segurança.

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, no entanto, disse mais cedo na quarta-feira que Stoltenberg "perdeu o contato com a realidade", quando questionado sobre a Otan aumentar sua presença perto das fronteiras da Rússia.

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"Sabe, eu parei de ver as declarações dele há muito tempo", disse Lavrov à imprensa no parlamento russo.

Um sistema antimísseis ucraniano em ação
Foto: Reuters / BBC News Brasil

Separadamente, diplomatas da Rússia, Ucrânia, França e Alemanha reafirmaram o compromisso com o antigo acordo de cessar-fogo na Ucrânia, país onde rebeldes apoiados pela Rússia tomaram parte do território, na região leste de Donbas.

Todas as quatro nações continuam apoiando o cessar-fogo "independentemente de diferenças em outras questões" relacionadas aos acordos de Minsk de 2015, disse um comunicado publicado pela presidência francesa.

O vice-chefe de gabinete do Kremlin, Dmitri Kozak, caracterizou as conversas de oito horas em Paris como "nada simples". O grupo deve se reunir novamente em duas semanas em Berlim.

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