O lançamento do míssil balístico pela Coreia do Norte nesta sexta-feira (7) aconteceu oito dias após Donald Trump dar sinal verde ao projeto sul-coreano de construção de um submarino com propulsão nuclear. Esse projeto de Seul gerava receio entre analistas de uma reação forte por parte de Pyongyang.
O Exército sul-coreano informou que a Coreia do Norte disparou nesta sexta-feira "um míssil balístico não identificado em direção ao Mar do Leste", usando o nome coreano para o Mar do Japão.
A primeira-ministra japonesa Sanae Takaichi confirmou o disparo. Ela afirmou que o míssil caiu no mar fora das águas japonesas e que não houve registro de danos ou feridos.
As sanções impostas pelas Nações Unidas contra Pyongyang por seu programa nuclear proíbem o país de possuir mísseis balísticos. O último disparo havia sido feiito em abril.
Submarinos sul-coreanos
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou na semana passada que submarinos sul-coreanos com propulsão nuclear seriam fabricados nos "estaleiros da Filadélfia", na costa leste dos Estados Unidos. A tecnologia americana de submarinos nucleares, que têm a vantagem de permanecer submersos por muito mais tempo, é considerada um dos segredos militares mais bem guardados.
Segundo analistas, o desenvolvimento desses submersíveis pela Coreia do Sul representaria um avanço significativo para a base industrial naval e de defesa do país. A Coreia do Sul passaria a integrar um grupo restrito de países, incluindo a França, que possuem tais embarcações.
"Se a Coreia do Sul adquirir um submarino com propulsão nuclear, poderá penetrar nas águas norte-coreanas e monitorar ou interceptar preventivamente armas como mísseis balísticos lançados por submarinos", indica Ahn Chan-il, um desertor norte-coreano que se tornou diretor do Instituto Mundial para Estudos sobre a Coreia do Norte, em Seul. Segundo ele, por isso "a Coreia do Norte está preocupada".
Programa nuclear norte-coreano
Donald Trump se encontrou com Kim Jong-un três vezes durante seu primeiro mandato, mas não conseguiu concluir um acordo duradouro sobre o programa nuclear norte-coreano. Na semana passada, o líder da Coreia do Norte recusou o convite de Donald Trump para uma nova reunião.
Desde o fracasso da cúpula de 2019, a Coreia do Norte tem reiterado que nunca renunciará a suas armas nucleares e se declarou uma potência nuclear "irreversível". No entanto, o deputado sul-coreano Lee Seong-kweun informou no início da semana que, segundo os serviços de inteligência sul-coreanos, o líder do Norte continua aberto a negociações com Washington "e buscaria entrar em contato quando as condições fossem favoráveis".
Enquanto isso, Pyongyang tenta reforçar as relações bilaterais com a Rússia. A ministra das Relações Exteriores norte-coreana, Choe Son Hui, visitou Moscou na semana passada e se encontrou com o presidente russo Vladimir Putin.
A Coreia do Norte e a Rússia aumentaram sua cooperação militar nos últimos anos. Os norte-coreanos fornecem armas e tropas para apoiar a ofensiva russa contra a Ucrânia, em curso desde fevereiro de 2022.
Em setembro, Kim Jong-un visitou a China. Ao lado de Xi Jinping e Vladimir Putin, assistiu ao grande desfile militar em Pequim, em uma mensagem clara de unidade entre os três líderes.
(RFI com AFP)