O rei Charles III, chefe da Igreja Anglicana, ganhou um trono permanente e o título de "confrade real" durante uma missa ecumênica realizada nesta quinta-feira (23) em uma das basílicas papais de Roma.
O evento deu sequência à histórica visita do soberano britânico ao papa Leão XIV, quando os líderes das igrejas Anglicana e Católica rezaram juntos pela primeira vez desde o cisma de 1534.
Charles III foi à Basílica de São Paulo Fora dos Muros, em Roma, acompanhado da rainha consorte Camilla, e inaugurou um trono especial que permanecerá no templo católico mesmo depois da missa ecumênica.
Feita em madeira pelo artesão Marco Picalarga, a cadeira leva o brasão do monarca, junto com o lema em latim "Ut unum sint", ou, em português, "Para que sejam um", citação do capítulo 17 do Evangelho de São João e que está em linha com o desejo do Vaticano de acelerar a aproximação entre as confissões cristãs.
O lema também é semelhante ao escolhido por Leão XIV para seu pontificado, "In Illo uno unum", ou "No único Cristo, somos um".
A missa foi presidida pelo arcipreste da basílica, cardeal James Harvey, e pelo abade Donato Ogliari, que fizeram um apelo para que os líderes religiosos sejam guias para a liberdade, a justiça e a verdade, além de pedir que seja ouvido o "grito da Terra".
Acompanhados do arcebispo de York, Stephen Cottrell, segundo prelado mais importante do anglicanismo, Charles e Camilla também visitaram o túmulo de São Paulo.
A basílica papal é um lugar simbólico para a aproximação entre católicos e anglicanos, já que foi ali que, em 1966, o papa Paulo VIV e o então arcebispo da Cantuária, Michael Ramsey, anunciaram a intenção de abrir o primeiro diálogo teológico entre as duas religiões.
Antes do cisma de 1534, a Coroa da Inglaterra também mantinha laços próximos com a basílica, e os reis eram considerados os "protetores" de um dos principais templos do catolicismo.