- Mário Larangeira
- Direto de Yokohama
O Japão é um país cuja população convive constantemente com desastres naturais. Estrangeiros que se mudam para o país são incentivados a aprender os procedimentos de segurança que já fazem parte do cotidiano dos japoneses.
Nesta sexta-feira, Gleidson Pegoretti, brasileiro que trabalha e estuda no Japão, seguiu o procedimento mais comum, ensinado aos japoneses desde pequenos. "No primeiro tremor, entrei debaixo da mesa. Quando ele diminuiu, seguindo o que os japoneses recomendam, desliguei o gás e desci sem pegar o elevador. Foi muito difícil porque ainda balançava muito. Enquanto estava debaixo da mesa, um prato de cerâmica se espatifou no chão e um vidro de conserva quase caiu também", disse.
As casas e prédios no Japão são construídos com a preocupação de amortecer o impacto dos tremores de diferentes intensidades. Os menos intensos podem acontecer várias vezes ao mês e muitas vezes passam despercebidos pela população. No entanto, há vários perigos a serem evitados dentro de casa quando eles são de alta intensidade.
Mesas são os abrigos mais utilizados dentro de casa para se proteger de objetos que podem cair durante o terremoto. As portas também são reforçadas para evitar que fiquem presas. Portas travadas impediriam a fuga dos moradores em caso, por exemplo, de incêndios, que são muito comuns após terremotos.
Quando uma família se muda, eles procuram conhecer a vizinhança da nova casa. Um dos pontos mais importantes é conhecer qual é o abrigo mais próximo. Os abrigos ou refúgios são facilmente reconhecíveis porque são indicados por placas e as autoridades informam os moradores da região. Geralmente, grandes escolas, ginásios e centros esportivos são utilizados como refúgios, e a população é recomendada a se dirigir para eles nos casos de danos severos nas residências, ou ainda, caso não haja água e eletricidade disponíveis.
Além da proteção física, membros de uma família são incentivados a combinar pontos de encontro para que em caso de um terremoto de grandes proporções eles possam se encontrar, uma vez que em eventos catastróficos as linhas telefônicas ficam congestionadas.
É muito comum as famílias japonesas terem em casa mochilas com comida e água armazenadas para o caso de catástrofes ou fuga para os refúgios.
A preocupação dos japoneses com procedimentos de segurança é tanta que desde 1960 eles têm até mesmo um feriado no dia 1º de setembro, chamado "bousai no hi", que em tradução literal significa "dia de prevenção de acidentes". O dia foi escolhido para lembrar aos japoneses do grande terremoto de Tóquio ocorrido em 1º de setembro de 1923.
Neste dia, todo tipo de treinamento de resgate é refeito. Da mesma forma, os equipamentos disponíveis e os mantimentos estocados são verificados. Em universidades, por exemplo, é possível ver os funcionários e professores treinando os procedimentos de segurança e orientando os alunos sobre a quais lugares eles devem se dirigir em caso de um desastre real.
Em uma famosa instituição de pequisa japonesa, o Instituto Tecnológico de Tóquio, é possível ver indicações nos corredores em todos os andares descrevendo a rota de fuga do prédio. A vistoria dentro dos prédios é rigorosa. Qualquer caixa ou móvel que esteja no caminho da rota de fuga é retirado. Todo esse cuidado e preparação é para eventos como o desta sexta-feira.