Vitória de aliado de Trump em Honduras amplia virada à direita na América Latina

Em meio a tensões, suspeitas de fraude e intervenção de Donald Trump, o vencedor da eleição presidencial em Honduras foi anunciado nesta quarta-feira (24), após vários dias de apuração. O conservador Nasry Asfura, candidato "favorito" do presidente americano, venceu a disputa realizada em 30 de novembro. Ele substituirá a presidente de esquerda Xiomara Castro, ampliando a guinada à direita na América Latina.

25 dez 2025 - 06h54
(atualizado às 07h06)

Honduras finalmente conheceu o vencedor da eleição presidencial realizada há quase um mês. Segundo o resultado oficial, anunciado pela Comissão Nacional Eleitoral (CNE) nesta quarta-feira, o conservador Nasry Asfura venceu com 40,3% dos votos, contra 39,5% do rival centrista Salvador Nasralla.

A imagem de Nasry Asfura durante o anúncio da Comissão Eleitoral Nacional de sua vitória na eleição presidencial de Honduras, na quarta-feira, 24 de dezembro de 2025.
A imagem de Nasry Asfura durante o anúncio da Comissão Eleitoral Nacional de sua vitória na eleição presidencial de Honduras, na quarta-feira, 24 de dezembro de 2025.
Foto: AFP - ORLANDO SIERRA / RFI

A candidata da esquerda, Rixi Moncada, obteve 19,19%. Foram semanas de espera, resultados apertados e uma contagem caótica, já que 15% das folhas de votação tiveram de ser examinadas manualmente.

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A margem inferior a 1% entre os dois primeiros colocados levantou suspeitas de irregularidades. A missão eleitoral da OEA, no entanto, descartou "indícios" de fraude, embora o secretário-geral da organização, Albert Ramdin, tenha lamentado o fato de a contagem dos votos não ter sido concluída integralmente. A CNE proclamou o vencedor após finalizar a apuração de 97,8% dos votos.

Avanço da direita na América Latina

Após quatro anos de mandato da presidente de esquerda Xiomara Castro, essa vitória reforça o avanço dos governos conservadores na América Latina, depois das mudanças no Chile, Bolívia, Peru e Argentina.

As duas maiores economias da região, Brasil e México, continuam governadas pela esquerda.

Acusações de desvio de recursos

O presidente eleito de Honduras tem 67 anos e é filho de migrantes palestinos. Nasry Asfura representa o Partido Nacional, legenda que assumiu o poder após o golpe de Estado de 2009.

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Asfura foi duas vezes prefeito da capital, Tegucigalpa, e é acusado de desviar mais de € 7 milhões para sua empresa de construção durante seus mandatos. Seu nome também apareceu nos "Panama Papers".

Durante toda a campanha presidencial, ele contou com o apoio de Donald Trump, que chegou a ameaçar cortar a ajuda a Honduras caso os eleitores não votassem em seu candidato. A vitória de Asfura foi imediatamente saudada por Marco Rubio, chefe da diplomacia americana, que reconheceu um resultado "claro" e "incontestável", pedindo a todas as partes "que respeitem os resultados".

"Estamos ansiosos para trabalhar com sua administração para avançar nossa cooperação bilateral e regional em matéria de segurança, acabar com a imigração ilegal para os Estados Unidos e fortalecer os laços econômicos entre nossos dois países", acrescentou Rubio.

O presidente eleito afirmou que não decepcionará o país durante seu mandato: "Honduras, estou preparado para governar. Não vou te decepcionar", publicou na rede social X. Ele também agradeceu aos funcionários eleitorais que validaram sua eleição.

Nasry Asfura assumirá o cargo em 27 de janeiro.

Com AFP

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