Mexicanos com familiares desaparecidos há anos criaram grupos no Facebook para tentar conseguir ajuda, por não acreditar que autoridades conseguirão encontrá-los.
Mais de 25 mil pessoas desapareceram no país, a maioria delas vítima da violência gerada pelos cartéis de tráfico de drogas.
Casos recentes, como o dos 43 estudantes desaparecidos há seis meses, chamaram a atenção da imprensa internacional e levaram muitos mexicanos à ação.
Com a falta de providências das autoridades, milhares de pessoas comuns agora organizam buscas através das redes sociais.
Uma delas foi acompanhada pelo repórter da BBC Mukul Devichand. Ele se juntou a um grupo que procurava valas comuns onde os cartéis poderiam ter sepultado seus familiares.
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O grupo, chamado no Facebook de "Procurarei por Você até Encontrá-lo", é apenas um dos muitos espaços nas redes sociais destinados a reunir familiares de desaparecidos.
Eles se também mantêm contato uns com os outros, com o objetivo de oferecer apoio e pressionar as autoridades.
Sequestrado
Mario Vergara lidera o grupo "Procurarei por Você até Encontrá-lo", que busca pessoas desaparecidas em Iguala, no Estado de Guerrero, sul do México.
"Muitas pessoas nos contaram, pelo Facebook, que tinham um familiar desaparecido. Diziam: 'tenho um familiar sequestrado, levaram minha filha'", afirmou.
Mostrando a foto de seu irmão, Tomas Vergara, sequestrado há três anos, Vergara conta como foi o dia em que ele desapareceu.
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"Não o vimos durante toda a tarde, ele não foi até o meu trabalho, perguntamos aos amigos dele, mas ninguém sabia de nada."
"Desde que ele foi sequestrado, todos os dias pensamos em meu irmão", diz.
Vergara criou o grupo depois de um caso ocorrido na mesma cidade em 2014: 43 estudantes desaparecidos em setembro foram mortos por uma gangue de traficantes, mas a confirmação do massacre só aconteceu em novembro.
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O procurador-geral do México, Jesus Murillo, deu detalhes estarrecedores: os bandidos admitiram a participação de policiais aliciados pelo tráfico na operação. Os estudantes teriam sido entregues à gangue pela própria polícia, depois de serem presos em 26 de setembro durante um protesto em Iguala.
No protesto, duramente reprimido pela polícia, morreram seis estudantes.
Pelo menos 15 dos desaparecidos já estariam mortos por asfixiamento quando foram entregues pela polícia aos traficantes – que fuzilaram os outros estudantes antes de queimar seus corpos.
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Milhares de mexicanos protestaram nas ruas e nas redes sociais contra o massacre.
Ao criar o grupo no Facebook, Mario Vergara queria lembrar que outros milhares também estão desaparecidos e seus casos, frequentemente, não são investigados.
Estratégia
Os grupos que se organizam para procurar valas comuns têm um método organizado e já conseguiram encontrar 67 corpos.
Primeiro, eles procuram áreas onde a terra está mais fofa, sinal de que pode ter sido remexida.
Com a ajuda de um martelo, eles enterram uma barra de ferro no local e, em seguida, a desenterram e cheiram a ponta.
Se houver restos humanos, haverá um cheiro característico que pode ser facilmente identificado.
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Algumas vezes, no entanto, as autoridades de segurança locais os deixam ir sozinhos a territórios controlados pelos mesmos cartéis que podem ter matado seus parentes.
Além de Iguala
A página de Mario Vergara faz parte de uma rede maior, que vai muito além de Iguala. Uma de suas conexões chega até Ecatepec, nos arredores da capital mexicana.
Homens, mulheres e crianças têm desaparecido em números cada vez maiores das ruas de Ecatepec. Uma das desaparecidas foi Syama Paz Lemus, que tinha 16 anos quando foi sequestrada, há cinco meses.
Ela estava em casa quando foi levada, após receber ameaças online. "Todas as contas delas, telefone, Facebook, tudo foi apagado no mesmo dia", contou a mãe de Syama, Neida Lemus.
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"É o pior pesadelo para uma mãe: não saber e temer que eles a estejam obrigando a fazer coisas."
Segundo Lemus, a polícia não fez nada durante cinco meses. Eles só entraram em contato com testemunhas depois que ela mesma abriu uma página no Facebook que começou a ficar famosa.
"Cada pessoa tem pelo menos 100 contatos e estes, outros 100. O Facebook é essencial para nós porque são mais olhos para localizar nossos filhos", afirma.
Uma autoridade federal disse à reportagem da BBC que, com frequência, governos locais corruptos, trabalhando com os cartéis de tráfico de drogas, são responsáveis por sequestrar as pessoas.
"Acreditamos que cerca de 10% dos desaparecidos tenham sumido com participação ou conhecimento do governo", afirma Julio Hernandez, chefe da Comissão de Vítimas criada recentemente pelo governo.
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As mensagens de solidariedade compartilhadas online não substituem um familiar desaparecido, mas, para estas famílias, podem trazer algo que o governo do México não fornece: a crença de que alguém se importa com os desaparecidos.
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Estudantes da Escola Raúl Isidro Burgos são tidos como desaparecidos.
Foto: Ceteg Acapulco
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Abel García Hernandez, morador da região de Tecuanapa, em Guerrero.
Foto: proyectoambulante.org
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Abelardo Vázquez Peniten, morador de Atliaca, Guerrero.
Foto: proyectoambulante.org
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Adán Abrajan de la Cruz, vive no bairro de El Fortín, em Tixtla, Guerrero.
Foto: proyectoambulante.org
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Alexander Mora Venancio, vive na comunidade de El Pericón, em Tecuanapa, Guerrero.
Foto: proyectoambulante.org
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Antonio Santana Maestro, não há informações a respeito de sua residência.
Foto: proyectoambulante.org
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Benjamín Ascencio Bautista, não há informações a respeito de sua residência.
Foto: proyectoambulante.org
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Bernardo Flores Alcaraz, não há informações a respeito de sua residência.
Foto: proyectoambulante.org
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Carlos Iván Ramírez Villareal, não há informações a respeito de sua residência.
Foto: proyectoambulante.org
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Carlos Lorenzo Hernández Muñoz, morador da Costa, de Guerrero.
Foto: proyectoambulante.org
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César Manuel González Hernández, morador de Huamantla, no estado de Tlaxcala.
Foto: proyectoambulante.org
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Christian Alfonso Rodríguez Telumbre, morador de Tixtla, Guerrero.
Foto: proyectoambulante.org
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Christian Tomás Colón Garnica, morador de Tlacolula de Matamoros, em Oaxaca.
Foto: proyectoambulante.org
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Cutberto Ortiz Ramos, não há informações a respeito de sua residência.
Foto: proyectoambulante.org
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Doriam González Parral, morador de Xalpatláhuac, em Guerrero, tem um irmão na mesma escola e estavam juntos quando desapareceram
Foto: proyectoambulante.org
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Emiliano Alen Gaspar de la Cruz é um dos 20 alunos do primeiro ano do colégio, não há informações a respeito de sua residência.
Foto: proyectoambulante.org
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Everardo Rodriguez Bello é morador de Omeapa, em Guerrero.
Foto: proyectoambulante.org
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Felipe Arnulfo Rosa morava na região do Rancho Papa, no município de Ayutla de los Libres, em Guerrero.
Foto: proyectoambulante.org
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Giovanni Galindes Guerrero tem 20 anos e não há informações a respeito de sua residência.
Foto: proyectoambulante.org
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Israel Caballero Sánchez é morador da comunidade indígena de Atliaca, que se localiza na metade do caminho entre Tixtla e Apango, municípios de Guerrero.
Foto: proyectoambulante.org
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Israel Jacinto Lugardo é morador de Atoyac de Álvarez, em Guerrero.
Foto: proyectoambulante.org
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Jesús Jovany Rodríguez Tlatempa estudava no primeiro ano do colégio e é morador de Tixtla, em Guerrero.
Foto: proyectoambulante.org
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Jhosivani Guerrero de la Cruz, morador de Omeapa, comunidade localizada a 15 minutos da sede do município de Tixtla, em Guerrero.
Foto: proyectoambulante.org
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Jonás Trujillo González é morador da Costa Grande, na região de Ticuí, município de Atoyac de Álvarez, em Guerrero.
Foto: proyectoambulante.org
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Jorge Álvarez Nava é morador do município Juan R. Escudero, em Guerrero.
Foto: proyectoambulante.org
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Jorge Aníbal Cruz Mendoza é morador de Xalpatláhuac, em Guerrero.
Foto: proyectoambulante.org
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Jorge Antonio Tizapa Legideño é morador de Tixtla, em Guerrero.
Foto: proyectoambulante.org
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Jorge Luis González Parral é o irmão mais velho de Doriam e também morava em Xalpatláhuac, em Guerrero.
Foto: proyectoambulante.org
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José Ángel Campos Cantor tem 33 anos e é, entre todos os desaparecidos, o mais velho. Ele é morador de Tixtla, em Guerrero.
Foto: proyectoambulante.org
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José Ángel Navarrete González, não há informações a respeito de sua residência.
Foto: proyectoambulante.org
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José Eduardo Bartolo Tlatempa é morador de Tixtla, em Guerrero.
Foto: proyectoambulante.org
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José Luis Luna Torres chegou à escola de Ayotzinapa, de Guerrero, diretamente da região de Amilzingo, em Morelos.
Foto: proyectoambulante.org
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Julio César López Palotzin é morador de Tixtla, em Guerrero.
Foto: proyectoambulante.org
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Leonel Castro Abarca, nasceu na comunidade de El Magueyito, em Tecuanapa, em Guerrero.
Foto: proyectoambulante.org
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Luis Ángel Abarca Carrillo é da região da Costa Chica, localizada em San Antonio, no município de Cuautepec, em Guerrero.
Foto: proyectoambulante.org
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Luis Ángel Francisco Arzola, não há informações a respeito de sua residência.
Foto: proyectoambulante.org
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Magdaleno Rubén Lauro Villegas chegou à escola de Ayotzinapa depois de deixar a região de La Montaña.
Foto: proyectoambulante.org
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Marcial Pablo Baranda é primo de Jorge Luis e Doriam González Parral. Ele fala a língua indígena e nasceu em Xalpatláhuac, em Guerrero.
Foto: proyectoambulante.org
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Marco Antonio Gómez Molina é morador de Tixtla, em Guerrero.
Foto: proyectoambulante.org
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Martín Getsemany Sánchez García é o quinto de oito irmãos, morador do município de Zumpango, em Guerrero.
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Mauricio Ortega Valerio faz parte de um povo que se denomina 'Matlalapa o Matlinalapa', localizado na região de La Montaña. Ele se preparava para ser professor bilíngue.
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Miguel Ángel Hernández Martínez tem 27 anos e não há informações a respeito de sua residência.
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Miguel Ángel Mendoza Zacarías faz parte de um povo que se autodenomina Apango. Vive no município de Mártir de Cuilapa, em Guerrero.
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Saúl Bruno García é morador de Tecuanapa, em Guerrero.
Foto: <p>Saúl Bruno García é morador de Tecuanapa, em Guerrero.</p>
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