Governo tenta evitar que morte de deputado cause violência

O homicídio de Robert Serra comoveu os seguidores do chavismo, muitos dos quais estão convencidos que houve crime político

2 out 2014 - 18h18
(atualizado às 18h23)

O assassinato na noite de quarta-feira, em Caracas, de Robert Serra, deputado na Assembleia Nacional pelo Partido Socialista Unido da Venezuela, que governo o país, comoveu os seguidores do chavismo, que inundaram as redes sociais com mensagens referentes à perda de um dos jovens dirigentes de maior projeção dentro da denominada revolução bolivariana. As autoridades oficiais têm pedido calma aos militantes, muitos dos quais expressaram a convicção de que o parlamentar, de 27 anos, foi vítima de um crime político.

A polarização, que divide a maioria dos venezuelanos entre adversários ou apoiadores do projeto socialista do falecido presidente Hugo Chaves, faz muitos temerem as repercussões que pode ter o fato em um país onde a exarcebação recente da crise política se traduziu em uma onda de violência que custou a vida de mais de 40 pessoas, entre fevereiro e maio, em um contexto de manifestações, barricadas nas ruas e ações para reestabelecer a órdem pública pelos órgãos de segurança.

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As autoridades têm agido para evitar a exaltação dos ânimos. Miguel Rodríguez Torres, ministro das Relações Interiores, Justiça e Paz, foi cuidadoso, nesta manhã, em não atribuir responsabilidades, ainda que tenha adiantado estar convencido de que o assassinato não foi um crime comum, como os que na Venezuela foram responsáveis pelo homicídio de mais de 24 mil pessoas em 2013, segundo cálculos do Observatório Venezuelano de Violência. Serra foi encontrado em sua casa com dezenas de feridas provocadas por um objeto penetrante: sua assistente, María Herrera, também foi achada morta no local com lesões semelhantes. "Não descansaremos na luta contra as forças do mal, o terrorismo, a deliquência organizada e toda forma de violência. Não haverá impunidade", ao mesmo tempo, pediu à oposição para manter um clima de respeito ante a dor do chavismo.

Blanca Eekhout, segundo vice-presidenta da Assembleia Nacional e companheira no partido de Serra, disse em sua conta no Twitter: "a burguesia covarde e assassina volta a derramar o sangue de jovens patriótas, porém a dor será honra e glória pra Robert Serra". O deputado morto estava participando das investigações parlamentares contra o também jovem dirigente Lorent Saleh, preso depois ter sido deportado da Colômbia, e que foi acusado pelo governo de planejar assassinatos como parte de uma trama para derrubar o governo. Nicolás Maduro, presidente da República, e Diosdado Cabello, presidente do Parlamento, evitaram fazer acusações nas suas primeiras declarações na quarta-feira. 

Dirigentes opositores, como o ex-candidato presidencial Henrique Capriles Radonski, lamentaram o ocorrido. A Mesa da União Democrática suspendeu uma caminhada em Caracas com a qual estrearia, no sábado, um plano nacional de mobilizações liderado por Jesús "Chúo" Torrealba, recém designado secretário da coligação. Opositores em redes sociais atribuíram a morte à acusação de crime comum e afirmaram que o fato confirma o fracasso das políticas públicas para conter a violência e os crimes.

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Fonte: Especial para Terra
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