Acusado de corrupção, ex-presidente da Guatemala é preso

Otto Pérez Molina, que renunciou à presidência, deveria permanecer sob custódia para "assegurar a continuidade das audiências"

4 set 2015 - 06h32
(atualizado às 09h14)
Otto Perez Molina é levado por policiais
Otto Perez Molina é levado por policiais
Foto: Esteban Biba / EFE

Otto Pérez Molina, que renunciou à presidência da Guatemala em meio a escândalos de corrupção, foi preso nessa quinta-feira (3). O juiz que ordenara sua prisão determinou que Molina deveria permanecer sob custódia durante a noite, para "assegurar a continuidade das audiências".

Siga Terra Notícias no Twitter

Publicidade

O ex-presidente ainda não recebeu nenhuma acusação formal e nega que tenha cometido qualquer crime. Entretanto, os investigadores apontam que o político conservador, de 64 anos, teria recebido 3,7 milhões de dólares em subornos em troca de reduções de tarifas alfandegárias, segundo o promotor público Antonio Morales.

Em decisão unânime nessa quinta-feira, 116 parlamentares guatemaltecos – com 41 abstenções – aprovaram o pedido de renúncia de Pérez Molina. A imunidade do ex-presidente havia sido removida pelo Congresso dois dias antes, abrindo caminho para as investigações sobre corrupção durante seu mandato.

Após a aceitação da renúncia pelo Congresso, o vice-presidente Alejandro Maldonado foi imediatamente empossado como o novo chefe de Estado, em uma sessão acompanhada por milhões de guatemaltecos através das redes de televisão.

Maldonado, um ex-diplomata de 79 anos, pediu aos membros do gabinete que coloquem seus cargos à disposição e anunciou que vai convidar os que protestavam contra a corrupção para que sugiram nomes de "jovens profissionais" para formar o novo governo.

Publicidade

Os promotores já haviam indiciado a ex-vice de Molina, Roxana Baldetti, que deixou o cargo em maio, acusada de receber 3,8 milhões de dólares em subornos em 2014. O promotor Morales alega que Molina teria integrado um "grupo criminoso em operação desde maio de 2014, com o objetivo de roubar o Estado".

A renúncia e a prisão de Molina ocorrem em um momento conturbado na Guatemala, a poucos dias das eleições nacionais, marcadas para este domingo (6). As Nações Unidas alertam para o risco de "violência no dia da votação".

Organizações de direitos civis relatam casos recentes de militantes de partidos políticos que atacaram manifestantes. Cerca de dez candidatos foram assassinados no país entre março e agosto.

As pesquisas colocam como favorito para as eleições de domingo o ator Jimmy Morales, que se candidata pela primeira vez a um cargo político. Ele conta com 25% das intenções de voto, à frente do candidato direitista Manuel Baldozon e da ex-primeira dama Sandra Torres.

Publicidade

Espera-se que o pleito deste domingo resulte num segundo turno a ser disputado pelos dois candidatos mais votados, no dia 25 de outubro.

A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas.
Fique por dentro das principais notícias
Ativar notificações