Evo Morales diz que não usa e-mail porque os Estados Unidos têm acesso

Presidente da Bolívia afirmou, em discurso neste sábado, que a inteligência norte-americana acessa os e-mails das "máximas autoridades" de seu governo

13 jul 2013 - 16h13
(atualizado às 16h41)
<p>Recentemente, o boliviano ficou mais de 13 horas no aeroporto de Viena, na Áustria, após seu avião ser impedido de cruzar o espaço aéreo de países europeus por suspeitas de que estaria transportando o ex-consultor da CIA, Edward Snowden</p>
Recentemente, o boliviano ficou mais de 13 horas no aeroporto de Viena, na Áustria, após seu avião ser impedido de cruzar o espaço aéreo de países europeus por suspeitas de que estaria transportando o ex-consultor da CIA, Edward Snowden
Foto: EFE

O presidente da Bolívia, Evo Morales, afirmou neste sábado que agentes de inteligência dos Estados Unidos têm acesso aos e-mails das "autoridades máximas" de seu país, mas revelou que ele mesmo não usa esse tipo de comunicação.

"Descobrimos que agentes de inteligência dos Estados Unidos têm acesso aos e-mails de nossas máximas autoridades", disse Morales em um discurso em uma cidade andina.

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A informação sobre o suposto acesso aos e-mails das autoridades bolivianas, segundo Morales, foi obtida na sexta-feira "graças a alguns amigos presidentes", com os quais se reuniu na cúpula semestral do Mercosul, realizada em Montevidéu.

"Eu, antes de ser presidente tinha e-mail. Alguns irmãos me recomendaram 'Evo, não use isso' e fechei, escutei suas palavras, felizmente", disse o líder em seu discurso.

O governante também afirmou que os Estados Unidos gastam todos os anos US$ 75 bilhões em inteligência e para ilustrar o tamanho desse número para sua audiência de camponeses e indígenas, comparou o orçamento das agências de inteligência com os US$ 14 bilhões que a Bolívia tem no total de reservas em divisa estrangeira no Banco Central.

"Sabem o quanto gastam com inteligência? A cada ano gastam US$ 75 bilhões para monitorarem todos, para grampear os telefones", disse Morales, que, além disso, comparou esses gastos com espionagem com a pobreza que, segundo sua opinião, persiste nos EUA.

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Morales também falou sobre o caso Edward Snowden e sobre o apoio que obteve do Mercosul pela "ofensa" que sofreu na semana passada quando quatro países europeus, segundo denunciou, fecharam seus espaços aéreos durante o retorno de seu avião presidencial a La Paz, que saiu de Moscou, pela suspeita de que o ex-técnico da CIA estava a bordo da aeronave.

Os chefes de Estado e de governo do Mercosul encerraram a cúpula em Montevidéu com uma declaração na qual reprovaram a suposta espionagem dos EUA na região e a "ofensa" a Morales.

Os países do Mercosul também concordaram em pedir consultas aos seus embaixadores na Espanha, França, Itália e Portugal para que informem sobre as decisões que forçaram o pouso do avião de Morales em Viena no dia 2 de julho.

O líder acrescentou que debateu com seus colegas do Mercosul sobre a suposta espionagem, o controle e o acompanhamento feito pelos EUA, não só aos "governos anti-imperialistas", mas também aos seus aliados.

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Morales disse que está convencido que a espionagem americana serve para justificar as intervenções com o propósito de dominar países para exercer o controle sobre seus recursos naturais. Também considerou que Snowden não cometeu "nenhum crime" porque fez as denúncias sobre o programa de espionagem dos EUA para "o bem da humanidade".

O líder boliviano acrescentou que os Estados Unidos fazem "ameaças" aos países que, como a Bolívia, ofereceram asilo ao ex-técnico, mas ressaltou que Washington não tem moral para fazer críticas porque o território americano "é uma caverna de delinquentes".

Nesse sentido, citou o caso de Luis Posada Carriles, requerido pela Venezuela, que pediu sua extradição em 2005 aos EUA para que responda perante a Justiça pela explosão de um avião da empresa Cubana de Aviación em 1976 com 73 pessoas a bordo.

Também o caso do ex-presidente boliviano Gonzalo Sánchez de Lozada (1993-1997 e 2002-2003), acusado na Bolívia em um julgamento por um suposto genocídio, mas que vive nos Estados Unidos, país que não respondeu ao pedido de extradição de La Paz.

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