Equador: viagens frequentes do presidente Noboa levantam questionamentos entre aliados e opositores

Muitos equatorianos andam questionando as longas ausências do líder de Estado em seu país em crise. Os motivos são as viagens repetidas do presidente Daniel Noboa ao exterior, que atualmente está na Europa. Desde sua derrota no referendo de 16 de novembro, Noboa tem multiplicado deslocamentos internacionais, a ponto de desconcertar parte de seus apoiadores e colocar esses movimentos na mira da oposição e da imprensa.

10 dez 2025 - 14h42

Eric Samson, correspondente da RFI em Quito 

A primeira viagem aos Estados Unidos, em 18 de novembro, causou estranheza. O presidente acabara de sofrer um duro revés eleitoral, o primeiro desde que iniciou sua carreira política há dois anos. Muitos esperavam uma presença ativa no país para reorganizar sua base e traçar os próximos passos. Mas não foi o que aconteceu. 

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Noboa limitou-se a publicar um tweet reconhecendo o resultado e, em seguida, partiu para os EUA por três dias. Por quê? Quem ele encontrou? Qual era sua agenda? Não se sabe. Quando as perguntas se multiplicaram na imprensa e nas redes sociais, o secretário-geral de Integridade Pública, José Julio Neira — único funcionário que o acompanhava — informou que a agenda presidencial era "confidencial". 

Quase 30 viagens ao exterior

O presidente já realizou 28 viagens internacionais, somando 127 dias fora do Equador, incluindo várias idas aos Estados Unidos em novembro. Atualmente, Noboa está na Noruega, após visitar Espanha e Emirados Árabes Unidos, em um giro de nove dias.

Depois, sairá de férias em família de 5 a 15 de janeiro. Quatro dias depois, em 19 de janeiro, participará do Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, até o dia 22. Em seguida, irá direto para a Bélgica, onde ficará até o dia 25. Assim, estará ausente por mais da metade do mês, correndo o risco de transmitir a impressão de desinteresse pela situação interna do país em favor de maior exposição internacional. 

Essas viagens são legais, embora nem sempre transparentes, assim como o cumprimento das normas que regem deslocamentos presidenciais. O artigo 144 da Constituição determina que todo presidente deve informar à Assembleia Nacional antes de viajar e justificar sua ausência. Noboa fez isso apenas três vezes, segundo dados públicos da Assembleia, e raramente solicita autorização para se deslocar. 

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Alguns deputados da oposição começam a questionar esses deslocamentos. Viviana Veloz, da Revolução Cidadã, pediu que a Secretaria de Administração Pública informe os objetivos e resultados obtidos nessas viagens, bem como os recursos financeiros utilizados. 

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