Cuba alerta EUA sobre dissidentes antes de novas negociações

Autoridades da ilha alertaram que se os Estados Unidos querem a livre circulação dos seus diplomatas em Cuba, eles terão de parar de usá-los para apoiar a oposição política

3 fev 2015 - 11h32
(atualizado às 16h05)
<p>Josefina Vidal, diretora para assuntos dos EUA no Ministérios de Relações Exteriores de Cuba, em Havana, em foto de 22 de janeiro</p>
Josefina Vidal, diretora para assuntos dos EUA no Ministérios de Relações Exteriores de Cuba, em Havana, em foto de 22 de janeiro
Foto: Stringer / Reuters

Cuba avisou aos Estados Unidos que espera que os diplomatas norte-americanos reduzam a ajuda aos dissidentes cubanos antes que os dois países possam reabrir embaixadas nas respectivas capitais.

Os dois adversários de longa data estão negociando o restabelecimento de relações diplomáticas como um primeiro passo para reverter mais de cinco décadas de confronto. Funcionários de ambos os governos se reuniram em Havana em janeiro, e uma segunda rodada de negociações está prevista para Washington este mês.

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Mas a principal negociadora de Cuba disse em uma entrevista transmitida na televisão estatal, na segunda-feira, que, se os Estados Unidos querem a livre circulação dos seus diplomatas em Cuba, primeiro têm de parar de usá-los para apoiar a oposição política.

"A forma como esses diplomatas (dos EUA) agem tem de mudar no que se refere ao incentivo, organização, treinamento e fornecimento de financiamento a elementos dentro do nosso país que agem contra os interesses do governo do povo cubano", disse Josefina Vidal.

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"A total liberdade de movimento, que o lado dos EUA está pleiteando, está ligada a uma mudança no comportamento de sua missão diplomática e dos seus funcionários", acrescentou Josefina, a principal representante de Cuba para assuntos norte-americanos.

Washington sempre criticou o governo comunista por reprimir os opositores do sistema de partido único no país. Embora o apoio da população aos dissidentes seja limitado, eles recebem muita atenção dos EUA e diplomatas ocidentais.

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Os Estados Unidos dizem apoiar ativistas cubanos que exercem o seu direito à liberdade de expressão.

O restabelecimento das relações diplomáticas poderia ocorrer antes da cúpula regional no Panamá, em abril, quando o presidente dos EUA, Barack Obama, e o de Cuba, Raúl Castro, se reunirão pela primeira vez desde que apertaram as mãos no funeral de Nelson Mandela em dezembro de 2013.

Obama e Raúl falaram ao telefone um dia antes de seus anúncios separados, mas simultâneos, em 17 de dezembro, de que iriam tentar acabar com as hostilidades da Guerra Fria.

A advertência de Josefina sugere que há obstáculos para restabelecer relações diplomáticas, o que tem sido visto como um primeiro passo relativamente fácil antes de os dois lados tentarem resolver as diferenças mais profundas em questões como os direitos humanos e o embargo econômico dos EUA a Cuba.

Josefina disse que a conduta dos diplomatas cubanos em Washington foi "impecável", embora tenha sugerido que os norte-americanos estavam se imiscuindo nos assuntos internos de Cuba. "Questões de assuntos internos de Cuba não são negociáveis", afirmou.

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"Nós também não estamos indo negociar assuntos de caráter interno relativo à soberania cubana em troca do levantamento do embargo. Fora isso, todo o resto é um processo de negociação."

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