Caracas denuncia 'roubo' de segundo petroleiro interceptado pelos EUA na costa da Venezuela

Os Estados Unidos voltaram a apreender um navio petroleiro no litoral da Venezuela no sábado (20). O governo venezuelano classificou a operação de "roubo" e também denunciou o "sequestro" da tripulação.

21 dez 2025 - 08h36
(atualizado às 09h18)

A notícia foi inicialmente revelada pela imprensa americana: segundo o jornal New York Times, a embarcação interceptada, chamada de Centuries, zarpou recentemente do litoral venezuelano. O navio tem bandeira panamenha e transportava 1,8 milhão de barris de petróleo bruto da Venezuela. 

Um helicóptero militar americano sobrevoa o Centuries, navio de bandeira panamenha que foi interceptado pela Guarda Costeira dos Estados Unidos, no mar do Caribe, em 20 de dezembro de 2025.
Um helicóptero militar americano sobrevoa o Centuries, navio de bandeira panamenha que foi interceptado pela Guarda Costeira dos Estados Unidos, no mar do Caribe, em 20 de dezembro de 2025.
Foto: © Department of Homeland Security via Reuters / RFI

Após a revelação, a informação foi confirmada pela secretária americana da Segurança Interna, Kristi Noem, na rede social X, junto a um vídeo que mostra cenas da operação da Guarda Costeira. "Os Estados Unidos continuarão a perseguir o movimento ilícito de petróleo sob sanções que é usado para financiar o narcoterrorismo na região", escreveu.

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O Centuries, no entanto, não aparece na lista de pessoas físicas ou jurídicas sancionadas pelo Tesouro dos Estados Unidos. A porta-voz da Casa Branca, Anna Kelly, indicou no X que o alvo foi o petróleo da estatal venezuelana PDVSA. Segundo ela, o navio navegava sob "uma bandeira falsa" e fazia parte da "frota fantasma" usada para "traficar petróleo roubado e financiar o regime narcoterrorista de Maduro".

Roubo e sequestro

Em comunicado, o governo venezuelano classificou a operação como "roubo e sequestro", denunciando "o desaparecimento forçado da tripulação". "Esses atos não ficarão impunes. Os responsáveis responderão perante a Justiça e a História por sua conduta criminosa", advertiu Caracas, prometendo formalizar a denúncia no Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Essa é a segunda operação americana visando petroleiros venezuelanos neste mês. Em 10 de dezembro, o exército dos Estados Unidos apreendeu uma primeira embarcação ao largo da Venezuela. Na ocasião, o presidente Nicolás Maduro classificou a iniciativa de "pirataria naval".

Durante um ato em Caracas transmitido pela TV estatal, o ministro venezuelano da Defesa, Vladimir López, evocou a interceptação do navio, sem mencioná-lo diretamente. "Estamos travando uma batalha contra a mentira, a manipulação, o intervencionismo, a ameaça militar, a guerra psicológica e o terrorismo psicológico", declarou. "Não vão nos intimidar."

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"Bloqueio total"

No início desta semana, o presidente americano, Donald Trump anunciou um "bloqueio total" contra petroleiros sob sanções que se dirigem ou saem da Venezuela. O líder republicano chegou a declarar na sexta-feira (19) que não descartava uma guerra com o país governado por Nicolás Maduro, inimigo número 1 dos Estados Unidos. 

Washington acusa o presidente venezuelano de chefiar uma rede de narcotráfico e deu início a uma série de operações militares na região do Caribe e no leste do Oceano Pacífico neste segundo semestre. Desde setembro, ao menos 104 pessoas morreram na ofensiva.

A questão foi um dos principais assuntos da cúpula dos líderes do Mercosul, realizada no sábado em Foz do Iguaçu. "Quatro décadas depois da guerra das Malvinas, o continente sul-americano volta a ser ameaçado pela presença militar de uma potência extrarregional. Uma intervenção armada na Venezuela seria uma catástrofe humanitária para o hemisfério e um precedente perigoso para o mundo", avaliou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante o evento.

RFI com agências

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