A notícia foi inicialmente revelada pela imprensa americana: segundo o jornal New York Times, a embarcação interceptada, chamada de Centuries, zarpou recentemente do litoral venezuelano. O navio tem bandeira panamenha e transportava 1,8 milhão de barris de petróleo bruto da Venezuela.
Após a revelação, a informação foi confirmada pela secretária americana da Segurança Interna, Kristi Noem, na rede social X, junto a um vídeo que mostra cenas da operação da Guarda Costeira. "Os Estados Unidos continuarão a perseguir o movimento ilícito de petróleo sob sanções que é usado para financiar o narcoterrorismo na região", escreveu.
O Centuries, no entanto, não aparece na lista de pessoas físicas ou jurídicas sancionadas pelo Tesouro dos Estados Unidos. A porta-voz da Casa Branca, Anna Kelly, indicou no X que o alvo foi o petróleo da estatal venezuelana PDVSA. Segundo ela, o navio navegava sob "uma bandeira falsa" e fazia parte da "frota fantasma" usada para "traficar petróleo roubado e financiar o regime narcoterrorista de Maduro".
In a pre-dawn action early this morning on Dec. 20, the US Coast Guard with the support of the Department of War apprehended an oil tanker that was last docked in Venezuela.
The United States will continue to pursue the illicit movement of sanctioned oil that is used to fund… pic.twitter.com/nSZ4mi6axc
— Secretary Kristi Noem (@Sec_Noem) December 20, 2025
Roubo e sequestro
Em comunicado, o governo venezuelano classificou a operação como "roubo e sequestro", denunciando "o desaparecimento forçado da tripulação". "Esses atos não ficarão impunes. Os responsáveis responderão perante a Justiça e a História por sua conduta criminosa", advertiu Caracas, prometendo formalizar a denúncia no Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Essa é a segunda operação americana visando petroleiros venezuelanos neste mês. Em 10 de dezembro, o exército dos Estados Unidos apreendeu uma primeira embarcação ao largo da Venezuela. Na ocasião, o presidente Nicolás Maduro classificou a iniciativa de "pirataria naval".
Durante um ato em Caracas transmitido pela TV estatal, o ministro venezuelano da Defesa, Vladimir López, evocou a interceptação do navio, sem mencioná-lo diretamente. "Estamos travando uma batalha contra a mentira, a manipulação, o intervencionismo, a ameaça militar, a guerra psicológica e o terrorismo psicológico", declarou. "Não vão nos intimidar."
"Bloqueio total"
No início desta semana, o presidente americano, Donald Trump anunciou um "bloqueio total" contra petroleiros sob sanções que se dirigem ou saem da Venezuela. O líder republicano chegou a declarar na sexta-feira (19) que não descartava uma guerra com o país governado por Nicolás Maduro, inimigo número 1 dos Estados Unidos.
Washington acusa o presidente venezuelano de chefiar uma rede de narcotráfico e deu início a uma série de operações militares na região do Caribe e no leste do Oceano Pacífico neste segundo semestre. Desde setembro, ao menos 104 pessoas morreram na ofensiva.
A questão foi um dos principais assuntos da cúpula dos líderes do Mercosul, realizada no sábado em Foz do Iguaçu. "Quatro décadas depois da guerra das Malvinas, o continente sul-americano volta a ser ameaçado pela presença militar de uma potência extrarregional. Uma intervenção armada na Venezuela seria uma catástrofe humanitária para o hemisfério e um precedente perigoso para o mundo", avaliou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante o evento.
RFI com agências