INSS avalia redução de força para pagar auxílio-acidente

O advogado previdenciário Robson Gonçalves explica que o INSS utiliza o Quadro nº 8 do Anexo III do Decreto 3.048/1999 para avaliar casos de redução de força em braços e pernas. Quando a sequela muscular ou neurológica é permanente, em grau sofrível ou inferior, e reduz a capacidade para o trabalho habitual, pode gerar direito ao auxílio-acidente indenizatório.

8 dez 2025 - 12h16
(atualizado às 12h40)

O Regulamento da Previdência Social (Decreto nº 3.048/1999) traz, no Anexo III, critérios técnicos que orientam a perícia do INSS na análise de sequelas que podem gerar direito ao auxílio-acidente. 

Foto: canva / DINO

Entre eles, o Quadro nº 8 trata da redução da força e da capacidade funcional dos membros, indicando quando a perda muscular passa a ser considerada relevante para fins indenizatórios.

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"Esse quadro deixa claro que não basta ter dor ou um diagnóstico genérico; a lei exige perda de força, em grau sofrível ou inferior. É com base nisso que muitas sequelas de LER, DORT e síndrome do túnel do carpo passam a ser analisadas para fins de auxílio-acidente", explica o advogado previdenciário Robson Gonçalves.

O que diz o Quadro nº 8 do Anexo III

O Quadro nº 8 do Anexo III do Decreto nº 3.048/1999 trata da redução da força e/ou da capacidade funcional de:

  • mão, punho, antebraço ou de todo o membro superior;
  • primeiro quirodáctilo (polegar);
  • pé, perna ou de todo o membro inferior.

Quando essa redução se encontra em grau sofrível ou inferior na classificação de desempenho muscular adotada internacionalmente pelas sociedades de Ortopedia e Traumatologia.

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A norma ressalta que a classificação se aplica a situações de comprometimento muscular ou neurológico;

E não se aplica a alterações decorrentes de lesões articulares ou de perdas anatômicas já tratadas em outros quadros do Anexo III;

Nesse contexto, diversos quadros de LER/DORT, como tendinites crônicas, epicondilites e síndrome do túnel do carpo, podem ser avaliados à luz do Quadro nº 8 quando, após o tratamento, deixam fraqueza permanente, perda de força de preensão ou dificuldade para segurar, apertar ou sustentar objetos, em grau sofrível ou inferior.

"Quando a lesão por esforço repetitivo deixa um déficit de força objetivo em mão, punho ou antebraço, medido em exame muscular, o Quadro nº 8 costuma ser diretamente considerado na conclusão pericial", observa Robson Gonçalves.

O que é o auxílio-acidente

O auxílio-acidente é um benefício de natureza indenizatória, previsto no artigo 86 da Lei nº 8.213/1991, devido ao segurado do Regime Geral de Previdência Social que, após acidente de qualquer natureza ou doença, passa a apresentar sequela permanente que resulte em redução parcial e definitiva da capacidade para o trabalho habitual.

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Por ter caráter indenizatório:

  • não substitui o salário;
  • pode ser pago junto com a remuneração, quando a pessoa continua trabalhando;
  • é mantido enquanto persistirem as condições legais, até a concessão de aposentadoria ou o óbito do segurado.

"O auxílio-acidente não exige que o trabalhador pare de trabalhar. A lógica é reconhecer que, mesmo continuando na atividade, ele ficou com uma limitação permanente que justifica uma compensação mensal", explica Robson Gonçalves.

Quem tem direito ao auxílio-acidente

Em linhas gerais, o auxílio-acidente pode ser devido ao segurado que:

  • sofreu acidente de qualquer natureza (de trabalho, de trajeto ou não ocupacional) ou doença com repercussão funcional;
  • apresenta sequela permanente após a consolidação das lesões;
  • teve sua capacidade para o trabalho habitual reduzida de forma parcial e definitiva;
  • mantém qualidade de segurado na data do evento e preenche os demais requisitos legais.

O benefício não é concedido ao segurado facultativo e não se aplica quando a limitação é apenas temporária, hipótese em que a proteção ocorre por meio de benefício por incapacidade temporária.

"Nos casos de LER, DORT e síndrome do túnel do carpo, o ponto decisivo não é apenas o diagnóstico, mas a prova de que ficou uma sequela permanente mensurável, com impacto real na função que a pessoa exercia no trabalho", resume Robson Gonçalves.

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Qual é o valor do auxílio-acidente

Após mudanças legislativas, o valor do auxílio-acidente corresponde, em regra, a 50% do salário de benefício do segurado, calculado com base na média dos salários de contribuição, na forma prevista pela Lei nº 8.213/1991 e normas posteriores.

Por se tratar de indenização:

  • o valor pode ser inferior ao salário-mínimo;
  • o benefício não substitui integralmente a renda da atividade laboral.

O pagamento costuma ter início após a consolidação das lesões ou após a cessação de benefício por incapacidade temporária, conforme o laudo pericial, e é mantido até a concessão de aposentadoria ou até o óbito do segurado.

Como pedir o auxílio-acidente

O pedido de auxílio-acidente é formalizado junto ao INSS, em regra por meio da plataforma Meu INSS (site ou aplicativo) ou pela Central 135, com registro do requerimento e agendamento de perícia médica. 

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Na análise, o INSS avalia a documentação clínica apresentada, como laudos, exames e relatórios, e verifica se houve consolidação das lesões, existência de sequela permanente e redução parcial e definitiva da capacidade para o trabalho habitual, à luz dos critérios previstos na Lei nº 8.213/1991 e no Decreto nº 3.048/1999.

"Diante da complexidade dos critérios técnicos, especialmente nos casos de LER, DORT e outras sequelas musculares ou neurológicas, o ideal é que o segurado conte com a orientação de um especialista em Direito Previdenciário para entender se a situação se enquadra nas regras do auxílio-acidente e quais provas podem fortalecer o pedido", ressalta Robson Gonçalves, advogado previdenciário.

Website: https://robsongoncalves.adv.br/

Este é um conteúdo comercial divulgado pela empresa Dino e não é de responsabilidade do Terra
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