Em ato, bancários pedem a demissão de Pedro Guimarães

Algumas funcionárias usaram uma fita na boca onde se lia "assediadas"

29 jun 2022 - 16h48
Bancários pedem a demissão de Pedro Guimarães
Bancários pedem a demissão de Pedro Guimarães
Foto: Reuters

Bancários e funcionários da Caixa Econômica Federal realizaram um ato em frente à sede do banco estatal, em Brasília, nesta quarta-feira, 29, após denúncias de assédio sexual envolvendo o presidente Pedro Guimarães.

Para o ato, algumas manifestantes usaram uma fita colada na boca com os dizeres "assediadas". 

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Bancários pedem a demissão de Pedro Guimarães
Foto: Reuters

Durante o protesto, a Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae) deu rosas para algumas funcionárias. 

Ao jornal Folha de S. Paulo, fontes do sindicado relataram o pouco envolvimento da categoria na manifestação. O entendimento do setor é que muitos ainda têm receio de participar de atos devido ao clima na empresa sob a gestão de Guimarães. 

Bancários pedem a demissão de Pedro Guimarães
Foto: Reuters

"Ontem, nós estivemos aqui lançando a campanha nacional [salarial] dos bancários e hoje o fluxo diminuiu bastante, o que me leva a crer que a pressão dentro do prédio está muito maior e as pessoas estão com medo de se aproximar", disse Maria Gaia, diretora da Federação dos Bancários do Centro-Norte, para a publicação. 

Nesta quarta-feira, o Sindicato de Bancários de Brasília cobrou a demissão de Pedro Guimarães. "Trata-se de um comportamento repugnante, que, se confirmado pelo Ministério Público Federal, exige das autoridades competentes punição exemplar - como demissão - para que não mais volte a se repetir, seja qual for o mandatário de plantão, não somente no banco, mas em todos os demais órgãos da administração pública federal", afirmou o sindicato.

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O Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região também pediu que Guimarães seja afastado, para apuração das denúncias de assédio sexual feitas por funcionárias.

"É imprescindível que seja instaurada uma investigação e, se confirmadas as denúncias, que condutas abomináveis como essas não fiquem impunes. A luta contra o assédio sexual e moral faz parte de uma política permanente do Sindicato, com reivindicações que intensificam a luta, dentro dos bancos, contra o machismo e racismo institucional e assédio sexual e moral, com normas e condutas rígidas", declarou.

No governo, a avaliação é de que a permanência de Pedro Guimarães no cargo já está completamente inviabilizada.

Entenda o caso

O portal Metrópoles publicou nessa terça-feira, 28, a notícia de que o executivo é investigado pelo Ministério Público Federal (MPF) por suposto crime de assédio sexual.

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As denúncias foram feitas por funcionárias da Caixa Econômica Federal. Cinco mulheres relataram as abordagens inapropriadas do presidente do banco.

Em nota, a Caixa informou que não tem conhecimento sobre as denúncias de assédio sexual contra Guimarães e que tem protocolos de prevenção contra casos de qualquer tipo de prática indevida por seus funcionários.

Alguns relatos das mulheres que denunciaram Pedro Guimarães dão conta de atitudes inapropriadas, situações desconfortáveis e até toques em partes íntimas durante abraços longos do chefe. À TV Globo, vítimas deram detalhes da conduta, como o costume de Guimarães em tocar partes íntimas durante abraços.

"Abraços mais fortes, me abraça direito e nesses abraços o braço escapava e tocava no seio, nas partes íntimas atrás, era dessa forma", disse uma delas.

Outra vítima relatou ainda uma ocasião em que levou um carregador de celular para o presidente da Caixa, a seu pedido, e foi recebida pelo chefe vestindo apenas um samba-canção.

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A cúpula de comando do banco estatal sabia do que estava acontecendo - e agiu para acobertar os casos, segundo a coluna de Ana Flor, da TV Globo.

Os primeiros casos foram registrados nos canais de denúncia da Caixa em 2019, ano em que Guimarães assumiu como presidente do banco.

Além de terem sigo ignoradas, as denúncias geravam consequências para as vítimas. De acordo com Ana Flor, as denunciantes eram transferidas, recebiam cargos em outros locais ou ficavam temporadas no exterior. Já quem ajudava a encobrir os casos de assédio recebia promoções dentro do banco.

Após o caso, a Caixa deve ter uma presidente mulher: Daniella Marques, da Secretaria de Produtividade e Competitividade do Ministério da Economia e é considerada como braço direito do comandante da pasta, Paulo Guedes.

Fonte: Redação Terra
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