O Papai Noel foi criado pela Coca-Cola? Saiba origens do Natal
Papai Noel, árvore, ceia e presentes. Chega a época do Natal e começamos a ver tudo isso em todo o lugar (e de vez em quando ouvimos falar de um tal de Cristo). Mas qual é a origem de todos esses símbolos? E da festa - quando e por que surgiu a comemoração do Natal? Segundo Pedro Paulo Funari, professor de história e arqueologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a origem da comemoração e seus símbolos são muito mais pagãos que cristãos.
Conforme Funari, o Natal é derivado de uma festa muito anterior ao cristianismo e ao calendário do ciclo solar. De acordo com o pesquisador, os pagãos comemoravam na época do solstício de inverno (o dia mais curto do ano e que, no hemisfério norte, ocorre no final de dezembro) porque os dias iriam começar a ficar mais longos. "É uma celebração que tem a ver com o calendário agrícola, originalmente. E, como todo calendário agrícola, ele está preocupado com a fertilidade do solo e a manutenção do ciclo da natureza", diz o professor.
Em Roma, essa data era associada ao deus Sol Invictus, já que após o dia mais curto do ano o sol volta a aparecer mais. Quanto ao cristianismo, a comemoração do nascimento de Jesus Cristo só começou a ocorrer no século IV, quando o imperador Constantino deu fim à perseguição contra essa religião. Os religiosos então usam a comemoração pagã e a revestem com simbolismo cristão. Curiosamente, afirma o pesquisador, no final do mesmo século, como a Igreja ganha poder, ela passa a perseguir os pagãos que comemoravam a festa da forma original.
Troca de presentes
Segundo Funari, a troca de presentes é um ato comum a todos os povos, independente do capitalismo, por exemplo, ou de religião. Esse ato, desse ponto de vista, é muito mais ligado ao reforço de laços sociais entre as pessoas. No cristianismo, a troca foi associada simbolicamente aos reis magos, que teriam dado presentes ao menino Jesus - em alguns países, como na Espanha, é comum dar presentes apenas no Dia de Reis.
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Contudo, durante o século XX, a festa foi perdendo muitas de suas características religiosas (mas não todas) e hoje se apresenta de forma muito mais comercial. "Desvencilhou-se bastante da imagem original (religiosa) para que pessoas, países e povos não cristãos, como os japoneses, também sejam incentivados a ter troca de presentes nesse período", diz Funari, que lembra que muitas pessoas que não são religiosas e até ateus participam de festas de Natal.
"Na propaganda dos presentes em si, não aparece o Cristo, o Jesus. Aparece lá 'compre uma TV moderna', 'compre um aparelho celular'. Na propaganda desses produtos não aparece essa caracterização religiosa. (...) Sabendo-se que as pessoas têm como princípio o estreitamento de vínculos sociais em geral e dentro da família em especial, o capitalismo explorou isso, digamos assim, ao extremo."
Originalmente, afirma o pesquisador, a troca de presentes não estava ligada à tradição do Natal, pelo menos não à festa original. "A troca de presentes na escala moderna é uma invenção do capitalismo."
Ceia
A comida de Natal, por outro lado, era comum nas primeiras festas. Na ceia natalina era comum a carne assada porque esses pratos eram considerados mais sofisticados, mais caros, e serviam melhor para uma situação especial. O porco, assim como o peixe, era uma das carnes mais comuns.
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O peru foi introduzido apenas no século XVI. A ave é originária das Américas e se popularizou rapidamente na elite da Europa quando foi levada ao continente. Por ser mais caro, o peru virou a carne das grandes ocasiões.
Papai-Noel
Funari afirma que o homem chamado Nicolau que viveu na Antiguidade e que virou santo não tem nada a ver com o Papai Noel, apesar de muitas versões dizerem isso. A figura tem origem em tradições germânicas e nórdicas. O protestantismo, que buscava um simbolismo diferente da comemoração católica - que enfatizava a figura do presépio - utilizou o personagem.
Já a imagem que conhecemos do Papai Noel tem uma origem muito mais comercial. A figura de um velhinho com roupa vermelha e branca foi criada e difundida pela publicidade da Coca-Cola no século XIX. "A gente pode dizer que o Papai Noel como a figura que a gente conhece é uma invenção da Coca-Cola e dos meios de comunicação de massa", diz o pesquisador. O papel da mídia, afirma Funari, foi difundir essa imagem. O cinema e outros meios trouxeram a imagem criada pelos publicitários ao Brasil.
"Se você for olhar os jornais brasileiros do início do século XX, no período do Natal, você encontrará referências ao presépio(...) não se fala em Papai Noel", diz o pesquisador, que lembra que nos dias atuais o presépio praticamente sumiu dos meios de comunicação.
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O pinheiro
A origem do pinheiro é bem parecida: era uma figura germânica e nórdica que foi absorvida pelo protestantismo. Aqui, a decoração chegou com influência principalmente do cinema - apesar de não ter tido um patrocínio de peso, como teve Papai Noel. Para o pesquisador, os símbolos atuais do Natal foram tão importados quanto o Halloween, do qual muita gente reclama.
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Chega dezembro (e às vezes muito antes disso) e começam a aparecer por todos os lados os sinais de que é quase Natal. Propagandas mostram as árvores, ceias, presentes e, é claro, o Papai-Noel. Mas de onde surgiram todos esses símbolos? A árvore de Natal tem origem pagã? A troca de presentes surgiu quando e por quê? O Papai-Noel é uma invenção da Coca-Cola? Veja a seguir como a história vê a origem dos símbolos natalinos
Foto: Getty Images
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Por que 25 de dezembro? - segundo Pedro Paulo Funari, professor de história e arqueologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o Natal é derivado de uma festa muito anterior ao cristianismo e ao calendário do ciclo solar. Conforme o pesquisador, os pagãos comemoravam na época do solstício de inverno (o dia mais curto do ano e que, no hemisfério norte, ocorre no final de dezembro) porque os dias iriam começar a ficar mais longos
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"É uma celebração que tem a ver com o calendário agrícola, originalmente. E, como todo calendário agrícola, ele está preocupado com a fertilidade do solo e a manutenção do ciclo da natureza", diz o professor. Em Roma, essa data era associada ao deus Sol Invictus. Quanto ao cristianismo, a comemoração do nascimento de Jesus Cristo só começou a ocorrer no século IV, quando acabou a perseguição contra essa religião. Os religiosos usam a comemoração pagã, mas com simbolismo crisão
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Troca de presentes - segundo Funari, a troca de presentes é um ato comum a todos os povos, independente do capitalismo, por exemplo, ou de religião. Esse ato, desse ponto de vista, é muito mais ligado ao reforço de laços sociais entre as pessoas. No cristianismo, a troca foi associada aos reis magos, que teriam dado presentes a Jesus - em alguns países, inclusive, os presentes são dados apenas no Dia de Reis.
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Contudo, durante o século XX, a festa foi perdendo muitas de suas características religiosas (mas não todas) e hoje se caracteriza de forma muito mais comercial. "Desvencilhou-se bastante da imagem original (religiosa) para que pessoas, países e povos não cristãos, como os japoneses, também sejam incentivados a ter troca de presentes nesse período", diz Funari, que lembra que muitas pessoas que não são religiosas e até ateus participam de festas de Natal
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"Na propaganda dos presentes em si, não aparece o Cristo, o Jesus. Aparece lá 'compre uma TV moderna', 'compre um aparelho celular'. Na propaganda desses produtos não aparece essa caracterização religiosa. (...) Sabendo-se que as pessoas têm como princípio o estreitamento de vínculos sociais em geral e dentro da família em especial, o capitalismo explorou isso, digamos assim, ao extremo."
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Originalmente, afirma o pesquisador, a troca de presentes não estava ligada à tradição do Natal. "A troca de presentes na escala moderna é uma invenção do capitalismo."
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Papai-Noel - Funari afirma que o homem chamado Nicolau que viveu na Antiguidade e que virou santo não tem nada a ver com o Papai-Noel, apesar de muitas versões dizerem isso. A figura tem origem em tradições germânicas e nórdicas. O protestantismo, que buscava um simbolismo diferente da comemoração católica - que enfatizava a figura do presépio - aproveitou a figura
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Já a imagem do Papai-Noel - não necessariamente o personagem - tem uma origem muito mais comercial. A figura do velhinho de vermelho e branco foi criada e difundida pela publicidade da Coca-Cola no século XIX. "A gente pode dizer que o Papai-Noel como a figura que a gente conhece é uma invenção da Coca-Cola e dos meios de comunicação de massa", diz Funari. O papel da mídia, afirma o pesquisador, foi difundir essa imagem. O cinema e outros meios trouxeram a figura criada pelos publicitáios
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"Se você for olhar os jornais brasileiros do início do século XX, no período do Natal, você encontrará referências ao presépio, e não ao Papai-Noel (...) não se fala em Papai-Noel", diz o pesquisador. Nos dias atuais, a imagem domina os meios de comunicação, mas o presépio praticamente desapareceu destes
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O pinheiro - a origem do pinheiro é bem parecida com a do Papai-Noel: era uma figura germânica e nórdica que foi "absorvida" pelo protestantismo. Aqui, a decoração chegou com influência principalmente do cinema - apesar de não ter tido um patrocínio de peso. Para o pesquisador, os símbolos atuais do Natal foram tão importados quanto o Halloween, do qual muita gente reclama
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Ceia - a comida de Natal, por outro lado, era comum nas primeiras festas. Na ceia natalina era comum a carne assada porque esses pratos eram considerados mais sofisticados, mais caros, e serviam melhor para uma situação especial. O porco, assim como o peixe, era uma das carnes mais comuns
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O peru foi introduzido apenas no século XVI. A ave é comum nas Américas e se popularizou rapidamente na elite da Europa quando foi levada ao continente. Por ser mais caro, o peru virou a carne das grandes ocasiões