Vítor Soares criou o programa 'História em Meia Hora', após resgatar uma vontade antiga e perceber falhas no sistema educacional brasileiro. Em 2021 ele decidiu se dedicar exclusivamente ao projeto, que se tornou um grande sucesso.
De maneira despretensiosa, em uma tarde de 2011, enquanto buscava referências para mandar bem em uma prova da graduação em História, Vítor Soares encontrou não só uma nova forma de aprendizado, mas também um formato de conteúdo que, mais tarde, transformaria sua trajetória profissional. "Lembro como se fosse hoje a primeira vez que ouvi o podcast do NerdCast", relembra, em entrevista ao Terra.
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Aquela tarde deixou uma marca tão profunda que, a partir daquele instante, ele fez uma promessa a si mesmo: criar algo semelhante. Dois anos depois, já formado e atuando como professor da disciplina, os questionamentos com a vivência em sala de aula alimentaram ainda mais aquele sonho.
"Durante os 10 anos em que dei aulas, percebi que a maioria dos alunos tinham desinteresse. Já os pais tinham uma visão positivista, limitada apenas à busca por notas e resultados em provas. Os alunos ficam desinteressados. Não tem como competir com o formato em que o conteúdo é apresentado, por exemplo, no TikTok", avalia.
O passo rumo à renovação da forma de ensinar, que ele considera ultrapassada, veio em 2020, durante uma conversa corriqueira com um estudante durante a aula. Apesar de bom aluno, o jovem tinha problemas de atenção, não conseguia se concentrar e por isso acabava tirando notas baixas.
"Então, tive a ideia de sugerir que ele experimentasse ouvir podcasts relacionados à matéria. Ele melhorou muito. Foi aí que eu percebi que era o momento de colocar em prática a ideia que tinha", lembra.
Dito e feito: ainda em 2020, Vítor lançou o primeiro episódio do podcast História em Meia Hora. Quatro anos depois, o programa também virou livro ilustrado e interativo, e deve estrear também no YouTube.
Resistência entre os pares
Mas se hoje o professor Vítor Soares colhe os frutos do projeto, ele enfrentou muita resistência dos seus pares.
"A maioria ainda mantém uma visão muito ortodoxa", critica ele, que continuou dando aulas em escolas.
O ponto de virada para se dedicar exclusivamente ao projeto veio em 2021. Ainda durante a pandemia, aumento nos casos e escassez de vacinas, ele teve que retornar às salas de aula. Para complicar ainda mais, Vítor trabalhava em Angra dos Reis, Rio de Janeiro, região dominada pelo crime organizado.
"Eu me lembro de um dia que teve um tiroteio na escola em que eu trabalhava. Ali, vi que era o momento de realmente me dedicar ao projeto. Mudei de cidade e passei a concentrar os esforços no História em Meia Hora", revela.
As incertezas o fizeram questionar se aquela era a decisão correta, mas com suporte de seguidores, conseguiu atingir a meta de uma 'vaquinha online' e seguiu adiante com os planos.
Desde então, o podcast se tornou um sucesso!
"A escolha não poderia ter sido melhor", relembra. "Fico muito feliz em contribuir para a educação dessa maneira".