Samara Felippo diz como lida com racismo vivido pelas filhas

Na semana passada, atriz desabafou sobre comentários preconceituosos recebidos nas redes sociais

15 out 2021 - 18h23
(atualizado em 11/11/2022 às 17h09)

Nos dias 19, 20 e 21 de outubro, será realizado o enlightED Education 2021, a grande conferência mundial de educação, tecnologia e inovação, organizada pela Fundação Telefônica, IE University e o South Summit.

Desde sua criação em 2018, o encontro reuniu 470 mil espectadores únicos de 46 países e 300 palestrantes internacionais de alto nível, consolidando-se como uma referência mundial no campo da inovação educacional.

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Esta quarta edição, em um novo formato híbrido, reunirá os principais especialistas nacionais e internacionais em inovação educativa e tecnológica para conversar sobre os desafios presentes no campo da aprendizagem e tirar conclusões práticas em torno da educação na era digital. A inscrição pode ser feita aqui.

Samara Felippo será a mediadora da mesa 'Educação antirracista como instrumento de justiça social', no dia 20 de outubro. A atriz e produtora passou a refletir mais sobre o racismo por conta da criação das duas filhas negras: Alícia, 12 anos, e Lara, 8.

Samara Felippo será mediadora de mesa sobre educação antirracista no enlightED Education 2021
Samara Felippo será mediadora de mesa sobre educação antirracista no enlightED Education 2021
Foto: Mandy Mirella

No dia 4 de outubro, Samara fez uma postagem nas redes sociais desabafando sobre comentários racistas que recebe, direcionados às filhas. Em entrevista ao Terra, a artista explicou que hoje em dia lida com esse tipo de situação denunciando e incentivando a reflexão na internet.

Sobre o entendimento do assunto e fortalecimento do empoderamento negro na educação de suas filhas, a atriz contou que procura trazer o protagonismo negro em livros e bonecas. Além disso, Samara explicou que busca "referências de profissionais negros em áreas que crescemos vendo somente pessoas brancas ocuparem, como dentistas, professores, diretores, filósofas, pediatras".

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Para o combate ao racismo, a artista enxerga que é necessário que as pessoas brancas reconheçam "todos os privilégios de nascer uma pessoa branca nessa sociedade". Samara ressalta também a importância dos pais ensinarem os filhos a respeitarem a diversidade, não só com diálogos, mas também com ações.

"Presentear crianças brancas com livros que tenham protagonismo negro, com bonecas pretas, apresentar autores negros, assistir séries com cultura e protagonismo negro, se cercar de profissionais que ocupem espaços, como eu disse antes, só ocupados por brancos", reforça a atriz.

Na esfera pública, a artista acredita que o sistema de cotas é um dos principais meios para diminuir a desigualdade racial. Ela também afirma que é necessário fortalecer o empreendedorismo negro e implementar, nas escolas, "ações positivas sobre a cultura afro, ainda na primeira infância".

Confira a entrevista completa abaixo:

Samara, como você aborda os temas sobre empoderamento negro com as suas filhas?

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Através do fortalecimento da autoestima delas. Do tom de pele, dos traços e principalmente dos cabelos. Ensinando a amar, a cuidar e mostrando que muitas mulheres que elas admiram têm o mesmo cabelo.

Trazendo diversidade e protagonismo negro em livros e bonecas, e buscando referências de profissionais negros em áreas que crescemos vendo somente pessoas brancas ocuparem, como dentistas, professores, diretores, filósofas, pediatras.

E também levando, para dentro de casa, a discussão e o debate sobre o racismo na sociedade, nas suas mais diversas camadas e de acordo com a faixa etária de cada uma, fazendo com que elas saibam lutar e se defender.

Você fez um desabafo nas redes sociais sobre comentários preconceituosos que as suas filhas recebem. Como você lida com esse tipo de coisa?

Hoje em dia, denunciando e trazendo o assunto para as minhas redes para que haja reflexão e debate.

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Quais os problemas e alternativas que você enxerga para que as crianças tenham um melhor entendimento a respeito dessas questões?

Em primeiro lugar nomeando. O principal problema é não querer enxergar ou não achar que se deve falar sobre o assunto com a criança. Seja ela uma criança preta, que irá sentir na própria pele os efeitos do racismo, ou branca, que irá reproduzir isso no seu dia a dia de forma “natural”. É preciso dizer que não somos todos iguais e que isso tem consequências para determinados grupos sociais. É preciso dizer que somos diversos, plurais, diferentes e cada um tem a sua beleza, e que haja respeito com a escolha de cada um.

Qual o papel que as pessoas brancas devem desempenhar para ajudar na luta por uma sociedade mais igual?

O mais importante: reconhecer todos os privilégios de nascer uma pessoa branca nessa sociedade. Amplificar e trazer visibilidade para vozes e artistas negros, lembrando aqui, não é dar voz, é ecoar essas vozes que são apagadas pelo racismo.

Ensinar em casa para os seus filhos o respeito à diversidade, mas não só com diálogos e sim com ações, fazendo o mesmo que fazemos com crianças pretas: presentear crianças brancas com livros que tenham protagonismo negro, com bonecas pretas, apresentar autores negros, assistir séries com cultura e protagonismo negro, se cercar de profissionais que ocupem espaços, como eu disse antes, só ocupado por brancos. E procurar escolas que tenham ações antirracistas.

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Quais políticas públicas podem ser implementadas para diminuir a desigualdade racial?

O sistema de cotas é um dos principais, ainda engatinhando e não sendo aplicado em escolas, universidades e empresas. E também fortalecer o empreendedorismo negro.

A aplicação da lei 10.639, que obriga o ensino da cultura afro-brasileira nas escolas. Conhecer uma história justa do Brasil é um direito e apresentar a história do país de forma correta é um dever do poder público. Levar ações positivas sobre a cultura afro para escolas ainda na primeira infância, através de brincadeiras, oficinas, teatro.

Confira abaixo a agenda do enlighTED Education:

Foto: Divulgação
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Fonte: Redação Terra
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