Pandemia isola ainda mais comunidades quilombolas do Rio

Grupos de descendentes de escravos dependem de ajuda mútua e de doações

15 jul 2020 - 15h25

Eles já se deparavam com a pouca visibilidade e o interesse escasso do Poder público antes mesmo da pandemia da covid-19. A partir de março, com o isolamento social, a situação dos moradores das 50 comunidades quilombolas do Rio se agravou mais ainda. Muitos deles ficaram sem renda – são centenas de pescadores, artesãos, trabalhadores da agricultura, um número expressivo que vive diretamente do turismo.

Sem recursos e também tendo que lidar com perdas de pessoas queridas, em razão do novo coronavírus, os quilombolas resolveram pedir ajuda a quem se solidariza com suas demandas e importância histórica. A vice-presidente da Associação Estadual das Comunidades Quilombolas do Estado do Rio, Bia Nunes, disse ao Terra que a campanha de doações lançada dias atrás em redes sociais é a prioridade do momento para a entidade.

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Quilombo do Feital, em Magé (RJ): muitas dessas comunidades dependem diretamente do turismo e passam por dificuldades devido à pandemia
Quilombo do Feital, em Magé (RJ): muitas dessas comunidades dependem diretamente do turismo e passam por dificuldades devido à pandemia
Foto: Divulgação

“Somos muitos em situação extrema. Precisamos com urgência de mantimentos, cestas básicas, produtos de limpeza, de higiene.”

A associação estima que haja em torno de 25 mil habitantes nessas 50 representações quilombolas do Estado e conta também com a colaboração espontânea de artistas para socorrer os mais necessitados. O sambista Diogo Nogueira foi um dos que acenaram para os quilombolas, com uma live recente na Internet, na qual conclamava a participação de todos no gesto de estender as mãos aos descendentes de povos escravizados.

Além da questão financeira e da falta de condições básicas para se manter, os quilombos são outros afetados pelo poder da covid-19. Na comunidade Rasa, no município de Búzios, na Região dos Lagos, uma de suas mais tradicionais moradoras, Tia Uia, 78 anos, morreu em junho, vítima da doença. A comoção foi mais intensa porque ela deixou a mãe, Vó Eva, de 110 anos – lúcida e com uma memória inconfundível, capaz de se recordar de muitas canções que aprendeu com seus pais.

Quem quiser ajudar os quilombos do Rio pode fazer depósito no Banco do Brasil, agência 5-1, conta 104-753-1, em nome do IDANNF (Instituto de Desenvolvimento Afro Norte Noroeste Fluminense), com o CNPJ 10.875.993/0001-07. Ou ligar para (21) 98538-4594 (falar com Bia Nunes).

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Fonte: Silvio Alves Barsetti
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