Maia vota 13º do Bolsa Família após cobrança de Bolsonaro

Ao Estadão, presidente da Câmara chama Bolsonaro de 'mentiroso' e diz que vai incluir benefício em medida provisória que estende o auxílio emergencial até o fim do ano e espera que o Senado também aprove

17 dez 2020 - 22h34
(atualizado em 18/12/2020 às 07h41)

BRASÍLIA - O presidente Jair Bolsonaro mandou cobrar do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o fato de não estar previsto o pagamento do 13º para os beneficiários do Bolsa Família este ano, embora o governo não tenha enviado nenhuma proposta ao Congresso para garantir o benefício a mais em 2020. Em reação, Maia disse ao Estadão que vai pautar nesta sexta-feira, 18, a MP que estende o auxílio emergencial e assegurar o repasse natalino aos beneficiários do programa.

Presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e presidente Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto
11/02/2020 REUTERS/Adriano Machado
Presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e presidente Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto 11/02/2020 REUTERS/Adriano Machado
Foto: Reuters

"Não teve 13º para Bolsa Família este ano porque presidente da Câmara deixou MP caducar", disse Bolsonaro em transmissão numa rede social. "Vai cobrar do presidente da Câmara", sugeriu a um seguidor.

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"É mentiroso. É quase uma molecagem", rebateu Maia ao Estadão. Segundo ele, a Câmara votará hoje a Medida Provisória que estendeu até o fim do ano o auxílio emergencial e vai incluir no texto o 13º para os beneficiários do Bolsa Família (o que não está previsto na proposta original enviada pelo governo). Maia disse esperar que o Senado vote o texto na segunda-feira, 21.

"A única coisa que eu pedi ao relator da MP Marcelo Aro (PP-MG) é que incluísse a criação do 13º do Bolsa para atender o presidente Bolsonaro e que ele consiga com o presidente do Senado uma sessão na segunda para votar", disse Maia.

A equipe econômica, porém, esperava que essa MP nem fosse levada à votação para não abrir a possibilidade de uma nova prorrogação do auxílio emergencial para além de dezembro. Como MP tem vigência de lei, o pagamento do auxílio até o fim do ano está sendo feito, mesmo que o texto não seja votado pelos parlamentares.

O 13º do Bolsa Família foi pago pela primeira vez no ano passado e era promessa de campanha do presidente. A medida provisória que garantiu o benefício, no entanto, previa o desembolso apenas em 2019.

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Parlamentares chegaram a discutir a ampliação da MP para deixar permanente o 13º para o Bolsa Família e incluir o pagamento da parcela extra a idosos e pessoas com deficiência de baixa renda que já recebem o Benefício de Prestação Continuada (BPC). As duas propostas de mudança chegaram a ser incluídas no parecer do relator no Congresso, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que foi aprovado em 03 de março deste ano.

O governo, no entanto, trabalhou para que o texto nem fosse votado no plenário da Câmara e do Senado para evitar a perpetuação do 13º do Bolsa Família. O texto perdeu a validade em 24 de março. Se a proposta fosse aprovada pelo Congresso, o impacto para os cofres públicos seria de R$ 7,5 bilhões ao ano.

Neste ano, todos os beneficiários do Bolsa Família, que ganham, em média, benefício de R$ 190, receberam desde abril o auxílio emergencial. Primeiro, foram pagas cinco prestações de R$ 600 e depois mais quatro de R$ 300.

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