O procurador-geral da República, Paulo Gonet, disse nesta terça-feira, 2, que todos os personagens do processo em que a tentativa do golpe de Estado se desdobrou são responsáveis pelo plano de ruptura que visava manter no poder o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
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De acordo com Gonet, todos os réus convergiram dentro do seu espaço de atuação para o objetivo comum de assegurar a permanência do presidente da República da época na condução do Estado, mesmo que não vencesse as eleições de 2022.
"Todos os personagens são responsáveis pelos eventos que se concatenam entre si. O grau de atuação de cada qual no conjunto dos episódios da trama é questão de mensuração da culpa e da pena", disse Gonet, durante leitura da acusação do Ministério Público Federal (MPF).
Além do ex-presidente Bolsonaro, também integram o "núcleo 1" --composto por réus apontados como os principais autores intelectuais da tentativa de golpe-- Walter Braga Netto (ex-ministro da Defesa e da Casa Civil), Augusto Heleno (ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional), Alexandre Ramagem (ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência), Anderson Torres (ex-ministro da Justiça), Almir Garnier (ex-comandante da Marinha), Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa) e Mauro Cid (ex-ajudante de ordens da Presidência, que assinou acordo de delação com a Polícia Federal).
Segundo o PGR, há ainda múltiplas ações do grupo denunciado, em que se nota uma unidade de propósito, o de impedir a chegada e o exercício do poder pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que concorria pela oposição.
Durante a leitura, Gonet ainda afirmou que a denúncia não é uma narrativa de fatos isolados. "Os atos que compõem o panorama espantoso e tenebroso da denúncia são fenômenos de atentados com relevância criminal contra as instituições democráticas."
Denúncia contra Bolsonaro
Em fevereiro de 2025, Gonet apresentou ao STF a denúncia contra Bolsonaro e aliados, entre eles ex-ministros e ex-comandantes militares, por crimes como organização criminosa, golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.
A peça se baseia em relatório da Polícia Federal (PF), produzido no âmbito da Operação Contragolpe, e atribui ao grupo a tentativa de manter Bolsonaro no poder por meio de um golpe de Estado. As penas máximas previstas somadas chegam a 43 anos de prisão.