Relator da PEC da Segurança altera texto e tira trecho que dá exclusividade à União de gerir tema

Mendonça Filho, que analisa o texto na CCJ, discutiu redação da proposta nesta terça-feira com o presidente da Câmara e com o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski

8 jul 2025 - 20h14

BRASÍLIA - Mendonça Filho (União-PE), relator da proposta de emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, alterou o texto do governo. O relator retirou o trecho que daria competência exclusiva da União para ditar as normas gerais de segurança pública, defesa social e sistema penitenciário. Esse tema era alvo de controvérsia com governadores.

O deputado conversou com o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB) e o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, para apresentar a mudança. Lewandowski defende a redação original, mas Mendonça "não abre mão" da alteração.

Publicidade
Mendonça Filho é o relator da PEC da Segurança na CCJ da Câmara.
Mendonça Filho é o relator da PEC da Segurança na CCJ da Câmara.
Foto: Gilmar Félix/Agência Câmara / Estadão

A PEC está na pauta da CCJ da Câmara nesta quarta-feira, 9, mas não deve passar por votação já que cabe pedido de vista (mais tempo para análise). Mendonça diz que não poderia propor mais mudanças porque, na CCJ, cabe apenas a análise de constitucionalidade e admissibilidade do texto. O deputado sustenta que, sem a alteração que sugeriu, o texto não teria condições de ser aprovado.

"Esse é um ponto que não abro mão de defender. Sou federalista, defendo fortemente a autonomia dos Estados", afirma. "Fizemos, ao longo dos debates na Comissão, várias audiências públicas tivemos a oportunidade de recepcionar governadores. E governadores de posições ideológicas, políticas e partidárias distintas, tiveram posição em defesa da autonomia dos estados e da preservação do pacto federativo."

Em junho, na CCJ da Câmara, o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), e o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSD), criticaram a PEC pedindo, entre outras coisas, maior clareza no papel da União e também um detalhamento sobre os métodos de financiamento e responsabilidades dos Estados e municípios.

A PEC amplia as atribuições da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e da Polícia Federal (PF) para fortalecer o combate a facções criminosas, inclui na Constituição o Sistema Único de Segurança Pública (Susp) e os fundos nacionais de financiamento do setor, fixa as atribuições das guardas municipais e prevê a criação de corregedorias e ouvidorias dotadas de autonomia funcional.

Publicidade

Eduardo Leite pediu nessa audiência que a União evite interferências na gestão da segurança pública em nível estadual. "Embora sejamos uma federação, ainda resta um cacoete de Estado unitário", disse.

Fique por dentro das principais notícias
Ativar notificações