RIO - O atual número dois do Ministério da Previdência Social, Adroaldo da Cunha Portal, um dos alvos da operação Polícia Federal desta quinta-feira, 18, é jornalista de formação, já trabalhou no gabinete do senador Weverton Rocha (PDT-MA), suspeito de ter realizado negócios com alvos investigados por desvios no Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), e em cargos do Congresso Nacional ligados a políticos do PDT. Após a operação, ele foi exonerado do cargo.
Cunha Portal foi alvo de mandado de prisão domiciliar e teve o afastamento do cargo decretado pela Justiça nesta quinta fase da Operação Sem Desconto. A PF cumpre 16 mandados de prisão preventiva e 52 de busca e apreensão.
O ministro da Previdência, Wolney Queiroz, afirmou nesta quinta-feira, que o governo Lula não tinha conhecimento sobre o envolvimento de Adroaldo Portal, no esquema de fraudes nas aposentadorias do INSS.
Segundo o ministro, o secretário-executivo foi exonerado logo após a nova fase da Operação Sem Desconto deflagrada nesta quinta-feira. "Nós não tínhamos qualquer informação real do envolvimento do Adroaldo com nenhum tipo de ato suspeito, ilícito", disse Wolney, ao ser questionado se o governo sabia da eventual participação do servidor no esquema.
Jornalista, o número 2 da Previdência trabalha há 23 anos no Congresso Nacional. Desde 1999, já atuou como gestor das equipes de assessoramento técnico no cargo de Chefe de Gabinete da Liderança da Bancada do PDT na Câmara dos Deputados e exerceu a mesma função no Senado Federal durante a Reforma da Previdência.
Foi chefe de gabinete e secretário executivo substituto do Ministério das Comunicações durante o governo Dilma Rousseff. No mesmo período, foi presidente do Conselho de Administração da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, e Conselheiro Fiscal da Empresa Telebras, Telecomunicações Brasileiras S.A, de acordo com o currículo disponibilizado por ele no site oficial do Ministério da Previdência.
Ele também ocupou cargos de chefia de gabinete dos parlamentares Pompeo de Mattos (PDT-RS), André Figueiredo (PDT-CE) e Weverton Rocha.
De fevereiro de 2023 a maio de 2025, ocupou a função de Secretário do Regime Geral de Previdência Social do Ministério da Previdência Social. Atualmente, exercia o cargo de Secretário-Executivo do Ministério da Previdência Social.
Outros alvos
A PF também cumpre busca e apreensão na residência de Rocha. Não há mandados no Congresso Nacional. O senador é vice-líder do governo Lula no Senado e relator da indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias, ao Supremo Tribunal Federal, e do projeto de lei que revê a Lei do Impeachment.
Por nota, o senador informou que "recebeu com surpresa a busca na sua residência". "Com serenidade se coloca à disposição para esclarecer quaisquer dúvidas assim que tiver acesso integral a decisão", diz o texto.
Outro alvo preso é Romeu Carvalho Antunes, filho mais velho e sócio do empresário Antônio Camilo Antunes, conhecido como "Careca do INSS". Além de ter relação societária, ele tinha autorização para movimentar as contas de uma das empresas do Careca do INSS suspeita de envolvimento nas fraudes em aposentadorias. O pai dele está preso desde setembro, por causa das investigações da Operação Sem Desconto.
Foi alvo de buscas e de prisão preventiva o advogado Éric Fidelis, filho do ex-diretor do INSS André Fidelis que havia sido preso na fase anterior da operação. A suspeita da PF é que o escritório de Éric Fidelis intermediou propinas pagas pelo Careca do INSS. A banca movimentou cerca de R$ 12 milhões, segundo dados obtidos pela CPI do INSS.
As defesas dos demais envolvidos não foram localizadas. O espaço segue aberto para posicionamentos.