Moro revela que recebia US$ 45 mil mensais de consultoria

28 jan 2022 - 19h25
(atualizado às 19h29)

O ex-juiz Sergio Moro teve um salário mensal bruto de US$ 45 mil nos 12 meses em que trabalhou na consultoria Alvarez & Marsal. O valor foi revelado nesta sexta-feira, 28, pelo próprio pré-candidato à Presidência pelo Podemos, em live com o deputado federal Kim Kataguiri (Podemos) transmitida no canal do deputado estadual Mamãe Falei (Podemos) no YouTube.

Ex-ministro Sérgio Moro, pré-candidato à Presidência
Ex-ministro Sérgio Moro, pré-candidato à Presidência
Foto: Roberto Sungi / Futura Press

Alvo de investigação no Tribunal de Contas da União (TCU), Moro resolveu divulgar os ganhos diante da pressão de opositores do PT e do Centrão, que cogitaram abertura de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar o caso, e da própria Corte, que fez um pedido formal para que os rendimentos fossem publicizados. Ele negou, no entanto, que tenha cedido aos questionamentos.

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"Não estou fazendo isso por CPI, porque eles recuaram, e também não estou fazendo isso pelo TCU, porque o TCU está abusando do poder", afirmou Moro ao iniciar a live.

O presidenciável explicou que, além do salário, recebeu um bônus de assinatura de US$ 150 mil, mas devolveu R$ 67 mil por ter rompido o contrato, inicialmente de dois anos, antes do tempo. Na live, o ex-ministro do governo Bolsonaro não fez a conversão do valor devolvido para o dólar.

O ex-juiz da Operação Lava Jato atuou na área de 'Disputas e Investigações' da empresa, entre 23 de novembro de 2020 e 31 de outubro do ano passado, quando deixou a consultoria para se dedicar à pré-candidatura.

Moro voltou a negar que houve conflito de interesses no seu período no escritório, já que não trabalhou para a Odebrecht - a Alvarez & Marsal atuou como administrador judicial da empreiteira, da OAS e da Galvão Engenharia, empreiteiras alvos de investigação da Lava Jato e que tiveram dirigentes condenados pelo então juiz.

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Para o subprocurador-geral do Ministério Público junto ao TCU, Lucas Furtado, Moro pode ter cometido práticas ilegítimas de revolving door - quando um agente público migra para o setor privado na mesma área de atuação e repassa informações privilegiadas que podem beneficiar clientes - e de lawfare, que seria a utilização, de forma estratégica, do sistema jurídico para se beneficiar.

Diante do posicionamento do MP junto ao TCU, o ministro da corte de contas Bruno Dantas determinou à consultoria Alvarez & Marsal que revele os serviços prestados e valores pagos ao ex-juiz federal.

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