Moraes agradece a Lula após retirada da Lei Magnitsky e fala em 'vitória da soberania nacional'

Ministro do STF diz que 'a verdade prevaleceu' e afirma que Judiciário brasileiro não se curvou a pressões externas após recuo na aplicação da Lei Magnitsky

12 dez 2025 - 19h30
(atualizado às 19h55)
Resumo
O ministro Alexandre de Moraes agradeceu ao presidente Lula pela atuação na retirada de seu nome das sanções da Lei Magnitsky pelo governo Trump, classificando o episódio como uma vitória do Judiciário, da soberania nacional e da democracia brasileira.
Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal
Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal
Foto: Wilton Júnior/Estadão / Estadão

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes agradeceu nesta sexta-feira, 12, o empenho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva após o governo Donald Trump retirar seu nome da lista de sanções da Lei Magnitsky.

Em discurso, Moraes afirmou que sempre acreditou que o episódio seria revertido e classificou o recuo como uma vitória institucional do País. "Eu acreditava que a verdade prevaleceria", disse o ministro durante a inauguração do SBT News.

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Ao detalhar o desfecho do caso, Moraes atribuiu o resultado à atuação do governo brasileiro e afirmou que o episódio representou uma vitória tripla.

"A verdade, com o empenho do presidente Lula e de toda a sua equipe, a verdade prevaleceu. E nós podemos dizer, com satisfação, com humildade, mas com satisfação, que foi uma tripla vitória. Uma vitória do Judiciário brasileiro. O Judiciário brasileiro que não se vergou a ameaças, a coações, e não se vergará, e continuou, com imparcialidade, seriedade e coragem."

Segundo o ministro, a retirada da sanção também simbolizou a defesa da autonomia institucional do País diante de pressões externas e o respeito às instituições democráticas.

"A vitória da soberania nacional. Presidente Lula, desde o primeiro momento, disse que o País não iria admitir qualquer invasão na soberania brasileira. Mas, mais do que isso, a vitória da democracia. O Brasil chega hoje, no quase final de ano, dando exemplo de democracia e força institucional a todos os países do mundo. E isso também muito graças à liberdade de imprensa."

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Moraes foi sancionado pelo governo Trump no dia 30 de julho deste ano em um contexto de pressão das autoridades americanas para que ele recuasse no julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro por liderar uma organização criminosa em uma tentativa de golpe de Estado.

Já Viviani e a empresa Lex foram incluídos na lista mantida pelo Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros no dia 22 de setembro deste ano, num gesto de retaliação após a Primeira Turma do STF acompanhar o voto de Moraes e condenar Bolsonaro a 27 anos e 3 meses de prisão, no dia 11 do mesmo mês.

A lei Magnitsky impõe sanções financeiras a estrangeiros acusados de corrupção ou violações graves de direitos humanos. O dispositivo legal à disposição do Departamento de Tesouro dos Estados Unidos nunca havia sido utilizado contra membros do Poder Judiciário. O governo americano ainda não publicou a justificativa para ter retirado o ministro e a sua esposa da lista de sancionados.

Em julho, o Departamento de Tesouro dos Estados Unidos afirmou que "o objetivo final das sanções não é punir, mas promover uma mudança positiva de comportamento".

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A gestão Trump puniu Moraes por considerar que ele promovia uma "caça às bruxas" contra Bolsonaro e seus apoiadores, conforme declarou o próprio presidente dos Estados Unidos. O secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, reproduziu o discurso de Trump ao justificar a punição e afirmou que Bolsonaro foi um dos alvos de Moraes "em sua campanha de censura, detenções arbitrárias que violam direitos humanos e perseguição politica".

A aplicação da Lei Magnitsky pelo governo Trump foi fruto de intensa pressão do deputado federal Eduardo Bolsonaro(PL-RJ), que se mudou para os Estados Unidos em fevereiro deste ano com o objetivo de convencer as autoridades americanas de que o julgamento do seu pai era fruto de perseguição política. O lobby de Eduardo junto à administração Trump contou com o apoio do influenciador Paulo Figueiredo.

O rol de punições a Moraes incluía o bloqueio de bens em seu nome ou que sejam seus, mas que, eventualmente, estivessem sob posse de norte-americanos. Além disso, quaisquer empresas ou entidades ligadas ao ministro ficaram proibidas de operar no país.

A aplicação da Lei Magnitsky também implicava em sanções a instituições financeiras e outras pessoas que "se envolverem em determinadas transações ou atividades" com o ministro. Empresas como bancos e operadoras de cartões de crédito foram proibidas de realizarem qualquer operação que envolvesse Moraes, sob pena de receberem multas milionárias e outras sanções.

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O ministro e outros seis membros do STF seguem impedidos de entrar nos Estados Unidos por determinação de Trump. A suspensão dos vistos das autoridades brasileiras foi a primeira medida do governo americano contra o Judiciário na tentativa de impedir a condenação de Bolsonaro.

O mudança de postura do governo americano em relação a Moraes ocorre após aproximações recentes de Trump e Lula, que, desde o primeiro momento, se colocou contra a aplicação de sanções a magistrados brasileiros.

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