Lula defendeu na Indonésia a criação do Fundo Florestas para Sempre (TFFF) para financiar a preservação de florestas tropicais, com lançamento previsto na COP-30, e propôs o uso de moedas locais em transações internacionais.
Em discurso na Indonésia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que os países com florestas tropicais não precisarão "pedir esmola" para preservá-las. A declaração foi dada a pouco menos de um mês do Brasil sediar a COP30.
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A fala de Lula é feita em defesa a criação de um fundo capitaneado pelo Brasil para realizar pagamentos permanentes a nações tropicais que conservarem suas florestas. "O que é importante é que eles tenham certeza que, se esse fundo funcionar, ninguém vai mais ficar pedindo dinheiro, como se tivesse pedindo esmola, para poder manter a nossa floresta em pé e para evitar que o planeta tenha um aquecimento acima de um grau e meio", disse.
O Fundo Florestas para Sempre (TFFF) terá seu lançamento oficial durante a COP30, em novembro, em Belém. Entretanto, o presidente Lula antecipou-se e, durante a Assembleia Geral da ONU em setembro, nos Estados Unidos, anunciou uma contribuição inicial de US$ 1 bilhão do governo brasileiro. De acordo com Lula, os rendimentos gerados por este fundo é que custearão os pagamentos aos países beneficiários.
A ambição do TFFF é arrecadar US$ 25 bilhões de outras nações, um investimento que visa atrair outros US$ 100 bilhões de investidores privados. A previsão é que a aplicação desses recursos mobilize cerca de US$ 4 bilhões anuais, os quais serão distribuídos para mais de 70 países em desenvolvimento que detêm aproximadamente 1 bilhão de hectares de florestas tropicais e subtropicais úmidas.
Em sua fala, Lula também defendeu a adoção de moedas locais para transações internacionais. Citando a eficácia e acessibilidade do Pix brasileiro e do sistema indonésio Kris, ele afirmou que essas plataformas "facilitarão o comércio em moedas locais entre países do bloco", referindo-se a um acordo de comércio preferencial entre Mercosul e Indonésia.
O presidente brasileiro reiterou seu apoio ao multilateralismo e voltou a criticar o que classificou como "medidas unilaterais" no comércio global. "Como a Indonésia, o Brasil se opõe a medidas unilaterais e coercitivas que distorcem o comércio e limitam a integração econômica", declarou. A declaração ocorre pouco antes de seu encontro marcado com o presidente americano Donald Trump, no domingo.
O chefe de estado brasileiro encontra-se em Jacarta desde quarta-feira para uma visita oficial, que representa uma retribuição à vinda do presidente indonésio Prabowo Subianto ao Brasil em julho.