Líder do governo diz não haver 'ambiente' para votar anistia e ironiza: 'Se fazem isso, Lula ganha'

José Guimarães rejeita possibilidade levantada por Flávio Bolsonaro de aprovar projeto sobre o tema ainda neste ano

6 dez 2025 - 17h30

BRASÍLIA — O líder do governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT-CE), rebateu a declaração do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que disse que irá trabalhar pela aprovação da anistia aos presos do 8 de Janeiro ainda neste ano, e disse que não há "ambiente político" no Brasil para essa votação.

Além disso, analisa Guimarães, uma aprovação da anistia poderia ter um efeito reverso, como foi no caso da votação da proposta de emenda à Constituição (PEC) da Blindagem, e fazer crescer a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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"Não tem ambiente político no Brasil. Se eles fazem isso, Lula cresce cinco pontos. É até bom do ponto de vista eleitoral, mas não da democracia. Não é bom para o País, para a democracia, para a Suprema Corte, mas para o Lula, ele só ganha", ponderou.

Guimarães acredita que há também um prazo apertado, de apenas duas semanas, que impediria uma articulação do tipo, ainda mais num momento em que o governo pressiona pela votação do projeto de lei do devedor contumaz — que Guimarães diz esperar que a Câmara já volte nesta terça-feira, 9 — e o projeto que cria o Comitê Gestor do Imposto sobre Bens e Serviços. Essas propostas são consideradas prioridades máximas pelo governo.

Mais cedo neste sábado, 6, Flávio Bolsonaro, escolhido pelo pai como pré-candidato à Presidência da República, definiu a aprovação da anistia no Congresso Nacional como uma das prioridades. Ele disse que pretende trabalhar pela aprovação da proposta ainda no final deste ano e pediu ajuda de lideranças partidárias.

"O primeiro gesto que eu peço a todas as lideranças políticas que se dizem anti-Lula é aprovar a anistia ainda este ano. Espero não estar sendo radical por querer anistia para inocentes. Temos só duas semanas, vamos unir a direita", afirmou.

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O projeto de lei da anistia repousa na Câmara dos Deputados e está travado em razão da rejeição tanto de bolsonaristas quanto do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O relator da proposta, deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP) anunciou que o seu texto tratará de uma "dosimetria" e não de um perdão "amplo, geral e irrestrito", como Bolsonaro e seus filhos queriam.

Paulinho continua conduzindo as tratativas com lideranças bolsonaristas, que hoje se mostram cada vez mais dispostas a aceitar uma redução parcial de penas.

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