Roberta Luchsinger, empresária e amiga do filho de Lula, é alvo de investigação da PF por suspeita de repasses irregulares ligados ao INSS e foi submetida ao uso de tornozeleira eletrônica; sua defesa nega envolvimento no caso.
A herdeira e empresária Roberta Moreira Luchsinger foi alvo de mandado de busca e apreensão nesta quinta-feira, 18, no âmbito da operação da Polícia Federal (PF) que apura novas suspeitas de desvios em aposentadorias do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). As investigações identificaram repasses do empresário Antônio Camilo Antunes - conhecido como Careca do INSS - a Roberta.
Segundo a PF, uma consultoria ligada ao Careca do INSS teria transferido R$ 1,5 milhão para uma empresa de Roberta, em cinco pagamentos sucessivos de R$ 300 mil. A empresária, que é amiga do filho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Fábio Luís da Silva, passou a usar tornozeleira eletrônica por determinação da Justiça.
Em nota, a defesa de Roberta afirma que ela "jamais teve qualquer relação com descontos indevidos do INSS" e diz que ela foi procurada por Antônio Camilo Antunes para prestar serviços na regulação de empresas do setor de canabidiol. A defesa de Antunes não se manifestou.
Roberta Luchsinger tem cerca de 24 mil seguidores no Instagram, onde costuma publicar imagens de itens de luxo, viagens internacionais e manifestações políticas contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e aliados. Após a condenação de Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF), ela escreveu: "Hoje é um dos dias mais importantes da nossa democracia. Embora jovem, se mostrou forte. O Brasil venceu! Ditadura nunca mais".
Na biografia do perfil, Roberta utiliza a hashtag #ComLulaPelaJustiçaPeloBrasil. Em 2018, ela foi candidata a deputada estadual pelo PT, declarou patrimônio de R$ 1,5 milhão à Justiça Eleitoral e ficou como suplente. Roberta é herdeira da família que fundou o Credit Suisse - seu avô é Peter Paul Arnold Luchsinger, ex-acionista do banco.
Em 2017, Roberta prometeu doar R$ 500 mil ao então ex-presidente Lula, em dinheiro e objetos de luxo. No mesmo período, ela acumulava uma dívida de R$ 232 mil em taxas condominiais do imóvel onde morava, valor referente a cerca de três anos de inadimplência. Também devia R$ 62 mil a uma loja de decoração, que acionou a Justiça para a cobrança. À época, a Justiça proibiu ela de doar dinheiro a Lula antes que efetuasse o pagamento da dívida. Procurada sobre o assunto, a defesa não retornou.
No ano passado, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) condenou Roberta a pagar R$ 70 mil por danos morais ao senador Sergio Moro (União-PR) e à deputada federal Rosangela Moro (União-SP) por ofensas publicadas nas redes sociais. A decisão também determinou a exclusão das postagens em até cinco dias, sob pena de multa diária de R$ 10 mil. A defesa da empresária recorreu da sentença, mas o recurso foi suspenso.
Procurado, Sergio Moro classificou a decisão como "uma vitória da Justiça diante das calúnias proferidas pela socialite petista", disse. Já Rosangela Moro não retornou. A defesa de Roberta não se manifestou sobre o assunto.