Flávio Bolsonaro anunciou sua pré-candidatura à Presidência em 2026, indicada pelo pai Jair Bolsonaro, e afirmou que pode desistir mediante negociações. Ele minimizou a reação negativa do mercado ao anúncio e destacou união na direita contra o atual governo.
BRASÍLIA - O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) fez a primeira aparição pública neste domingo, 7, após se lançar como pré-candidato a presidente nas eleições do ano que vem com autorização do pai, Jair Bolsonaro, que está preso por tentativa de golpe de Estado. O agora pré-candidato assumiu que há possibilidade de desistir futuramente da corrida presidencial, mas que há um "preço" para tal recuo e que será negociado.
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"Tem uma possibilidade de eu não ir até o fim e eu tenho preço para isso. Eu vou negociar. Tem um preço para não ir até o fim", disse Flávio em conversa com jornalista, mas sem detalhar qual seria a sua exigência para abdicar da corrida presidencial.
Questionado pelo Estadão/Broadcast se pautar a anistia seria o preço para retirar a sua candidatura, Flávio respondeu: "está quente".
"Imagina quanto custa. Quero que vocês pensem o que está em jogo no Brasil e quanto custa retirar a minha candidatura", completou, afirmando que dará mais detalhes sobre a desistência em conversas futuras com a imprensa.
O parlamentar é um dos principais porta-vozes da direita bolsonarista em defesa da anistia dos condenados por envolvimento em atos golpistas, o que incluiria o seu pai. A pauta tem tido resistência no Congresso.
Flávio afirmou que vai se reunir nesta segunda-feira com os presidentes do União Brasil, Antônio Rueda, do Progressistas, Ciro Nogueira, e do PL, Valdemar Costa Neto, para discutir a sua candidatura e o projeto que pretende defender nas eleições. O presidente do Republicanos, Marco Pereira, foi convidado, mas não confirmou participação.
Flávio disse ainda que não há fragmentação da direita em relação às eleições do ano que vem, pois todos estariam unidos contra o atual governo. Porém, nomes como os governadores Ronaldo Caiado (Goiás), Romeu Zema (Minas Gerais) e Ratinho Jr (Paraná) têm tentado furar a bolha bolsonarista e pretendem se lançar como candidatos de direita em 2026.
Efeito ruim no mercado financeiro
O anúncio da pré-candidatura de Flávio à Presidência provocou queda no índice Ibovespa e alta do dólar, mas o parlamentar minimizou a reação negativa do mercado financeiro ao seu nome. Em resposta, o senador convidou a imprensa para acompanhá-lo em sua primeira agenda pública como presidenciável, em um culto.
"Eu avalio como natural (a resposta do mercado). Assim como o mercado, eu também tenho a convicção de que mais quatro anos o Brasil não aguenta", disse Flávio. "Só que eles (atores econômicos) fazem uma análise precipitada", completou em conversa com jornalistas após participar de um culto na Igreja Comunidade das Nações, em Brasília.
Ao descrever o que considera ser uma avaliação precipitada do mercado, Flávio disse que há agora, com exposição pública e pré-campanha em curso, a possibilidade de conhecer "um Bolsonaro diferente". Segundo o senador, o País conhecerá "um Bolsonaro muito mais centrado, que conhece a política e Brasília" e que fará a pacificação do Brasil.
Em contraposição ao mercador, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), teria reagido positivamente, segundo Flávio, à decisão de Bolsonaro de nomeá-lo candidato do campo bolsonarista à Presidência no ano que vem. Tarcísio era cotado e pressionado pelo Centrão e pelo mercado a se lançar como candidato a presidente.
"Foi muito boa a reação. Um cara que se mostrou de peito aberto. Mais uma conversa muito franca e sincera, como eu tive todas as vezes com ele. Para mim, o Tarcísio é o principal cara do nosso time hoje", afirmou o senador em um gesto ao governador paulista.
"Eu tenho a convicção de que a gente vai resgatar o Brasil, a gente vai ganhar a eleição, começando por São Paulo, com uma diferença maior de votos com relação à esquerda do que nós tivemos em 2022. Então, não tem fragmentação da direita, tem pessoas se unindo, independentemente de vaidade", acrescentou.
Flávio disse na sexta-feira, 5, ter sido designado pelo seu pai para disputar a Presidência da República em 2026. Bolsonaro está impedido de disputar eleições por causa da condenação pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
O ex-presidente cumpre a pena definitiva na Superintendência da Polícia Federal em Brasília desde 22 de novembro e, da prisão, articula o destino da sua de apoio e de parte substancial dos votos da direita nas eleições do ano que vem.