BRASÍLIA - O ex-procurador-chefe do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho tentou comprar um carro de luxo avaliado em R$ 380 mil pouco mais de um mês depois da operação da Polícia Federal que o afastou do cargo.
De acordo com relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeira (Coaf) entregue à CPI do INSS, que investiga o esquema de descontos ilegais a aposentados, o ex-servidor solicitou ao banco uma reserva para compra de Audi A5 Sedan Performance S Edition.
Virgílio foi um dos cinco diretores do INSS afastados pela decisão judicial que deflagrou a Operação Sem Desconto, da Polícia Federal, em 23 de abril. O governo o retirou oficialmente do cargo no mesmo dia.
A investigação policial aponta que o então procurador teve um "incremento patrimonial" de R$ 18 milhões do grupo que estaria no centro das fraudes. Os repasses teriam ocorrido por meio de empresas e contas bancárias da mulher dele.
Entre os remetentes da verba, Antônio Carlos Camilo Antunes, o Careca do INSS, apontado como um dos principais articuladores do esquema.
A CPI do INSS aprovou, na quinta-feira, 2, a convocação de Virgílio Oliveira Filho para prestar depoimento, o que ainda não tem data para ocorrer.
Virgílio Oliveira Filho foi nomeado para o cargo de procurador-geral do INSS pela primeira vez em 2020, no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e permaneceu no cargo até 2022, quando passou a atuar como consultor jurídico do Ministério do Trabalho e Previdência.
Em setembro de 2023, já no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PL), Virgílio foi renomeado para a Procuradoria-Geral do INSS.Os pagamentos seriam uma contrapartida para editar pareceres que garantiriam a continuidade de cobranças indevidas diretamente na folha de pagamento de aposentados e pensionistas.