'Estadão' publica caderno especial com documentos e depoimentos inéditos sobre golpe de 1964

Especial chega às bancas no domingo, 31, com reportagens, documentos e depoimentos inéditos sobre as ações que culminaram na derrubada do então presidente João Goulart, o Jango, e suas consequências

29 mar 2024 - 10h10
(atualizado às 10h31)

Sessenta anos após o golpe de Estado que mergulhou o País numa ditadura militar (1964-1985), marcada por censura, tortura e morte, ainda há aspectos desse período da história brasileira que não foram completamente esclarecidos. Neste domingo, 31, a edição impressa do Estadão trará um caderno especial com reportagens, documentos e depoimentos inéditos sobre as ações que culminaram na derrubada do então presidente João Goulart, o Jango, e suas consequências.

Uma versão do material que chega às bancas começou a ser publicada no portal do jornal nesta quinta-feira, 28. O conteúdo será publicado de forma escalonada até o dia 31 de março. (Confira o cronograma de publicação).

Publicidade

O caderno especial de 60 anos do golpe é composto por 16 páginas, sendo sete delas dedicadas aos depoimentos inéditos que foram feitos a repórteres do Jornal da Tarde (produto do Grupo Estado) entre 1977 e 1978, quando ainda vigorava a censura do Ato Institucional nº 5. Os relatos fornecem um retrato do País nas décadas imediatamente anteriores ao golpe de 1964 e nos anos que se sucederam até o início do debate sobre a anistia, que só viria a ser aplicada em 1979.

Esses relatos vieram de uma iniciativa de Melchiades Cunha Júnior, então redator do Jornal da Tarde que, em 1976, apresentou ao diretor Ruy Mesquita a ideia de criar um banco de informações históricas sobre aquele período marcadamente conturbado.

Os depoimentos foram gravados, transcritos e depositados no arquivo do jornal com o compromisso de que seu inteiro teor não seria divulgado enquanto os entrevistados estivessem vivos. O acervo do Estadão tem informações recolhidas pelos jornalistas do grupo com fontes abalizadas e que são disponibilizadas aos seus assinantes como um serviço prestado àqueles que buscam um jornalismo profissional e de qualidade.

Desses depoimentos, apenas alguns trechos das conversas do ex-presidente do STF, Aliomar Baleeiro, e dos generais Amaury Kruel e Pery Bevilaqua foram revelados no Jornal da Tarde. Outros permaneceram guardados e, agora, quando todos os personagens já faleceram, poderão ser conhecidos. Além desses três citados, há relatos do ex-senador e ex-ministro Afonso Arinos e de Alzira Vargas, filha de Getúlio e chefe do Gabinete Civil da Presidência do pai, que ajudam a entender o cenário de tensão e forte polarização política que forneceram os elementos para o fatídico 31 de março de 1964.

Publicidade

Além dos depoimentos inéditos, o caderno especial também terá reportagens exclusivas. Um dos textos abordará a compra de armas e foguetes por civis e militares como parte da estratégia do golpe, com relatos inéditos de agentes do Estado envolvidos na trama golpista. Outro texto revisitará o triste capítulo da tortura, com prisões e desaparecimentos e um documento inédito que confirma oficialmente a existência dos chamados "arrancadores de unha" entre os repressores.

Além disso, o próprio papel do Estadão no movimento de 1964 e no período da ditadura militar, com o apoio inicial à derrubada do então presidente João Goulart, mas com o rompimento quando da decretação do Ato Institucional nº 2, que impediu a realização das eleições marcadas para 1965. Por fim, haverá uma reportagem sobre a atuação dos militares hoje, abordando a presença de integrantes das Forças Armadas na arena política e governo federal.

Curtiu? Fique por dentro das principais notícias através do nosso ZAP
Inscreva-se