Silvinei Vasques, ex-diretor da PRF, foi detido no Paraguai após romper tornozeleira eletrônica e tentar fugir do Brasil, levando o STF a converter medidas cautelares em prisão preventiva devido a investigações sobre interferências nas eleições de 2022.
Silvinei Vasques, ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), estava sob monitoramento por tornozeleira eletrônica desde 2024, como parte de medidas cautelares impostas pela Justiça. O uso do equipamento estava ligado a investigações sobre sua participação em ações ilegais para interferir no processo eleitoral, especialmente durante o segundo turno das eleições presidenciais de 2022.
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Nesta sexta-feira, 26, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), converteu as medidas cautelares impostas a Silvinei em prisão preventiva, após o ex-diretor romper a tornozeleira eletrônica e ser detido no Paraguai durante uma tentativa de fuga do Brasil.
A prisão inicial de Silvinei, no entanto, ocorreu em 2023, no âmbito da Operação Constituição Cidadã, deflagrada pela Polícia Federal. A operação apurou o uso da máquina pública, incluindo a PRF, para dificultar a votação de eleitores em regiões estratégicas, como o Nordeste, onde o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) concentrava maior votação.
Sob a liderança de Vasques, a PRF realizou 4.591 fiscalizações em todo o país entre os dias 28 e 30 de outubro de 2022. Eleitores relataram abordagens irregulares, e o PT denunciou que a corporação teria agido para impedir o acesso às urnas. A justificativa apresentada pela PRF foi o combate ao transporte irregular de eleitores.
Após quase um ano preso, em agosto de 2024, Silvinei deixou a prisão em Brasília. Na ocasião, Moraes considerou que ele não representava mais risco às investigações sobre a tentativa de beneficiar ilegalmente Bolsonaro nas eleições de 2022. Como medidas cautelares, o ministro determinou que o ex-diretor continuasse usasse tornozeleira eletrônica, além de ser proibido de deixar o País e de manter contato com outros investigados.
No entanto, nesta quinta-feira, 25, o sinal da tornozeleira foi interrompido, indicando descumprimento das determinações judiciais. A Polícia Federal, responsável pelo acompanhamento, detectou a falha e, após diligências, constatou que Silvinei havia se evadido de seu endereço em São José (SC). Imagens de câmeras de segurança mostraram que ele preparou malas e suprimentos para cães, além de sair do prédio com um veículo alugado.
Silvinei havia sido condenado há dez dias pelo STF a 24 anos e seis meses de prisão por participação na tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Apesar da condenação, ele ainda não cumpria pena em regime fechado porque a execução da sentença só pode ocorrer após o trânsito em julgado, quando não há mais possibilidade de recursos.