A defesa de Jair Bolsonaro afirmou não haver ligação entre o ex-presidente e os atos antidemocráticos de 8/1, criticando a delação de Mauro Cid como inconsistente e perigosa juridicamente.
O advogado Celso Vilardi, defensor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no julgamento da trama golpista em trâmite no Supremo Tribunal Federal (STF), conversou com a imprensa após o fim das sustentações orais das defesas dos oito réus do 'núcleo 1', nesta quarta-feira, 3. Aos jornalistas, o advogado destacou que 'não existe nenhuma ligação' entre Bolsonaro e os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.
Receba as principais notícias direto no WhatsApp! Inscreva-se no canal do Terra
"A tônica da defesa é que não existe nenhuma ligação do presidente com o 8 de janeiro. Não tem absolutamente nada. O que houve foi apenas uma reunião [com comandantes das Forças Armadas] no dia 7 de dezembro. E uma reunião não é uma tentativa armada contra o Estado Democrático de Direito", disse Vilardi.
O advogado ainda criticou a delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e disse que a colaboração é um 'escândalo que pode deixar um precedente perigosíssimo'.
"Uma pessoa dessa pode ser tida como confiável para embasar a condenação de alguém? Isso não existe aqui e em nenhum lugar do mundo", acrescentou.
O discurso à imprensa reforça a sustentação oral de Vilardi no plenário da Primeira Turma do STF, em que ele destacou que o processo se baseia em uma delação e uma minuta de golpe encontrada pelas autoridades.
"Não há uma única prova. Eu vejo aqui os advogados trazendo 'esse papel, essa minuta', 'essa questão', 'esse depoimento'. Não há uma única prova que atrele o presidente [Jair Bolsonaro] ao punhal verde e amarelo, à operação luneta e ao 8 de janeiro", declarou a defesa.
Segundo Vilardi, seu cliente foi "dragado" para os fatos que culminaram nos atentados golpistas. Em seguida, ele passa a criticar a delação do ex-ajudente de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel, Mauro Cid. "O delator, que mentiu contra o presidente da República, nem chegou a mencionar a participação em Punhal [verde e amarelo], em luneta, em copa [grupo usado para arquitetar ações] e 8 de janeiro".
Em sua sustentação, o advogado afirmou que Cid mudou de versão "diversas vezes", o que foi confirmado inclusive pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal. Conforme a defesa, somente isso seria passível de anular a delação.
Próximos passos do julgamento
Jair Bolsonaro e sete aliados foram defendidos pela última vez por seus advogados no julgamento que apura uma tentativa de golpe de Estado. As sustentações orais terminaram nesta quarta-feira e o caso será retomado na semana que vem com os votos dos cinco ministros da Primeira Turma do STF.
A próxima sessão da Ação Penal 2668 será na terça-feira, 9, com a análise dos ministros da Primeira Turma. Votarão, na ordem: Alexandre de Moraes (relator do caso), Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin (presidente da Turma). A condenação ou a absolvição dos réus será decidida pelo voto da maioria.
Confira as datas e horários das próximas sessões:
- 9 de setembro (terça-feira): sessão extraordinária das 9h às 12h e das 14h às 19h;
- 10 de setembro (quarta-feira): sessão extraordinária das 9h às 12h;
- 12 de setembro (sexta-feira): sessão extraordinária das 9h às 12h e das 14h às 19h.
É possível acompanhar a transmissão pelos canais oficiais do STF -- TV Justiça, Rádio Justiça, aplicativo Justiça+ e o canal do Supremo no YouTube. O portal Terra também transmite as sessões, assim como publica detalhes do julgamento e de seus bastidores.