Defesa de Bolsonaro diz que ‘não existe ligação’ com 8/1 e chama delação de Mauro Cid de ‘escândalo’

Celso Vilardi, advogado do ex-presidente, falou à imprensa após fazer sua sustentação oral no julgamento da trama golpista no STF

3 set 2025 - 15h18
(atualizado às 19h29)
Resumo
A defesa de Jair Bolsonaro afirmou não haver ligação entre o ex-presidente e os atos antidemocráticos de 8/1, criticando a delação de Mauro Cid como inconsistente e perigosa juridicamente.
Defesa de Bolsonaro diz que ‘não existe ligação’ com 8/1 e chama delação de Mauro Cid de ‘escândalo’
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O advogado Celso Vilardi, defensor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no julgamento da trama golpista em trâmite no Supremo Tribunal Federal (STF), conversou com a imprensa após o fim das sustentações orais das defesas dos oito réus do 'núcleo 1', nesta quarta-feira, 3. Aos jornalistas, o advogado destacou que 'não existe nenhuma ligação' entre Bolsonaro e os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. 

"A tônica da defesa é que não existe nenhuma ligação do presidente com o 8 de janeiro. Não tem absolutamente nada. O que houve foi apenas uma reunião [com comandantes das Forças Armadas] no dia 7 de dezembro. E uma reunião não é uma tentativa armada contra o Estado Democrático de Direito", disse Vilardi. 

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O advogado ainda criticou a delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e disse que a colaboração é um 'escândalo que pode deixar um precedente perigosíssimo'. 

"Uma pessoa dessa pode ser tida como confiável para embasar a condenação de alguém? Isso não existe aqui e em nenhum lugar do mundo", acrescentou. 

O discurso à imprensa reforça a sustentação oral de Vilardi no plenário da Primeira Turma do STF, em que ele destacou que o processo se baseia em uma delação e uma minuta de golpe encontrada pelas autoridades. 

Celso Vilardi, advogado de Jair Bolsonaro (PL), faz sustentação oral à Primeira Turma do STF no julgamento da Ação Penal 2.668
Celso Vilardi, advogado de Jair Bolsonaro (PL), faz sustentação oral à Primeira Turma do STF no julgamento da Ação Penal 2.668
Foto: Gustavo Moreno/STF

"Não há uma única prova. Eu vejo aqui os advogados trazendo 'esse papel, essa minuta', 'essa questão', 'esse depoimento'. Não há uma única prova que atrele o presidente [Jair Bolsonaro] ao punhal verde e amarelo, à operação luneta e ao 8 de janeiro", declarou a defesa.

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Segundo Vilardi, seu cliente foi "dragado" para os fatos que culminaram nos atentados golpistas. Em seguida, ele passa a criticar a delação do ex-ajudente de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel, Mauro Cid. "O delator, que mentiu contra o presidente da República, nem chegou a mencionar a participação em Punhal [verde e amarelo], em luneta, em copa [grupo usado para arquitetar ações] e 8 de janeiro".

Em sua sustentação, o advogado afirmou que Cid mudou de versão "diversas vezes", o que foi confirmado inclusive pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal. Conforme a defesa, somente isso seria passível de anular a delação.

Advogado de Bolsonaro defende anulação da delação de Cid: ‘Não existe em nenhum lugar’
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Próximos passos do julgamento

Jair Bolsonaro e sete aliados foram defendidos pela última vez por seus advogados no julgamento que apura uma tentativa de golpe de Estado. As sustentações orais terminaram nesta quarta-feira e o caso será retomado na semana que vem com os votos dos cinco ministros da Primeira Turma do STF.

A próxima sessão da Ação Penal 2668 será na terça-feira, 9, com a análise dos ministros da Primeira Turma. Votarão, na ordem: Alexandre de Moraes (relator do caso), Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin (presidente da Turma). A condenação ou a absolvição dos réus será decidida pelo voto da maioria.

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Confira as datas e horários das próximas sessões:

  • 9 de setembro (terça-feira): sessão extraordinária das 9h às 12h e das 14h às 19h;
  • 10 de setembro (quarta-feira): sessão extraordinária das 9h às 12h;
  • 12 de setembro (sexta-feira): sessão extraordinária das 9h às 12h e das 14h às 19h.

É possível acompanhar a transmissão pelos canais oficiais do STF -- TV Justiça, Rádio Justiça, aplicativo Justiça+ e o canal do Supremo no YouTube. O portal Terra também transmite as sessões, assim como publica detalhes do julgamento e de seus bastidores.

Fonte: Redação Terra
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