Deputados envolvidos com caso Cachoeira depõem na Câmara

5 jun 2012 - 22h36
(atualizado às 23h39)

O corregedor da Câmara dos Deputados, Eduardo da Fonte (PP-PE), informou que todos os parlamentares acusados de envolvimento com o esquema do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, responderam, nesta terça-feira, aos questionamentos dos relatores da sindicância da Corregedoria Parlamentar que apura o caso. As informações são da Agência da Câmara.

O empresário Walter Paulo Santiago prestou depoimento na manhã desta terça-feira na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito do Cachoeira
O empresário Walter Paulo Santiago prestou depoimento na manhã desta terça-feira na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito do Cachoeira
Foto: Agência Brasil

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Segundo Eduardo da Fonte, para que os processos sejam concluídos as respostas dos acusados serão confrontadas com os documentos em poder da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apura o envolvimento de Cachoeira com agentes públicos e privados.

Os deputados citados nas interceptações telefônicas da Operação Vegas, da Polícia Federal, foram Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO) e Sandes Júnior (PP-GO). Há ainda uma representação contra Rubens Otoni (PT-GO), mas sobre outra acusação, de ter recebido dinheiro para sua campanha eleitoral de 2004, quando era candidato a prefeito de Anápolis (GO). Cachoeira, na ocasião, pediu para que os recursos não fossem declarados.

O deputado Maurício Quintela Lessa (PR-AL) ficou com o caso de Sandes Junior; o deputado Evandro Milhomen (PCdoB-AP) vai relatar a representação contra Rubens Otoni; e Jerônimo Goergen (PP-RS) é o responsável pelo caso de Carlos Alberto Leréia. Também integra a comissão de sindicância o deputado Odair Cunha (PT-MG).

O deputado Eduardo da Fonte disse que o prazo inicial para votação na Corregedoria está mantido, ou seja, poderá ocorrer no próximo dia 18. "Se houver algum atraso, a votação ocorrerá, no mais tardar, no dia 25 deste mês. Há o compromisso de votar os três processos juntos", disse o parlamentar. Se os relatórios forem aprovados por unanimidade, pedindo processo por quebra de decoro no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, eles deverão ser votados pela Mesa Diretora da Câmara.

Questionado se é possível fazer uma avaliação sob o grau de envolvimento de cada um dos parlamentares com Cachoeira, Fonte disse que não poderia se manifestar sobre isso, "sob pena de prejudicar o processo, futuramente, caso seja arguido o prejulgamento da questão".

Carlinhos Cachoeira

Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.

Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.

Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.

O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas.

Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.

Fonte: Terra
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