Com Bolsonaro na capa, The Economist diz que Brasil dá lição de maturidade democrática aos Estados Unidos

Análise do jornal norte-americano diz que país se recupera de uma ‘febre populista’

28 ago 2025 - 10h37
(atualizado às 18h16)
Resumo
The Economist destaca o Brasil como exemplo de recuperação democrática, superando o populismo de Jair Bolsonaro, enquanto critica retrocessos nos EUA sob Donald Trump.
Com Bolsonaro na capa, The Economist diz que Brasil dá lição de maturidade democrática aos EUA
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Uma análise publicada pela revista The Economist nesta quinta-feira, 28, diz que o Brasil é um caso de “teste de como os países se recuperam de uma febre populista”, usando a situação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) como exemplo. Na capa, uma ilustração mostra Bolsonaro vestido com um chapéu de pele de animal faz alusão a um dos invasores do Capitólio, nos Estados Unidos, em 6 de janeiro de 2021.

Na ocasião, apoiadores de Donald Trump tentaram impedir que o Congresso realizasse uma sessão conjunta para certificar a vitória do presidente eleito Joe Biden, na época -- Biden havia vencido, na eleição de 2020, Trump, que triunfou no pleito seguinte, de 2024, retomando o comando dos EUA.

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O caso americano serviu como uma espécie de inspiração para os ataques do 8 de janeiro de 2023 em Brasília. "O Brasil oferece aos Estados Unidos uma lição de maturidade democrática", diz o título da reportagem, seguido por: "É um caso de teste de como os países se recuperam de uma febre populista".

Capa do The Economist com Bolsonaro
Capa do The Economist com Bolsonaro
Foto: Reprodução/The Economist

Bolsonaro 'polarizador'

A publicação chama Bolsonaro de um presidente polarizador, que perdeu sua tentativa de reeleição, recusou o resultado e incitou seus apoiadores a se rebelarem. Após os ataques golpistas do 8 de janeiro de 2023, a insurreição fracassou e agora Bolsonaro enfrenta uma investigação criminal, e deve passar por julgamento no dia 2 de setembro no Supremo Tribunal Federal (STF).

Segundo o jornal isso “soa como uma fantasia da esquerda americana”, enquanto é realidade no Brasil. A publicação ainda chama Bolsonaro de “Trump dos trópicos”, e diz que o Brasil se recupera do populismo, citando outros países como Polônia e Reino Unido como tendências centristas e até impopulares.

Troca de lugar

Agora, o Brasil se compara aos Estados Unidos porque os dois podem estar “trocando de lugar”, segundo o Economist. “Os EUA estão se tornando mais corruptos, protecionistas e autoritários — com Donald Trump esta semana mexendo com o Federal Reserve e ameaçando cidades controladas pelos democratas. Em contraste, mesmo com o governo Trump punindo o Brasil por processar Bolsonaro, o próprio país está determinado a salvaguardar e fortalecer sua democracia”, diz trecho da reportagem.

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Com a memória da ditadura militar ainda fresca, e a restauração da democracia em 1988, o STF se tornou uma potente figura contra o autoritarismo, conforme a análise. Além disso, a população está atenta às ações de Bolsonaro.

O ex-presidente também tem sido criticado, mesmo por aliados, mostrando que políticos tanto da esquerda quanto da direita querem deixar para trás a polarização radical promovida por Bolsonaro.

O artigo ainda fala sobre um excesso de poder dado ao STF, que se torna responsável por uma imensa carga de trabalho — só em 2024 foram 114.000 decisões. “Há amplo reconhecimento de que juízes não eleitos, com tanto poder, podem corroer a política, bem como salvá-la de golpes”, diz o jornal.

A análise ainda fala sobre as eleições de 2026 no Brasil, que devem ser afetadas pelo julgamento de Bolsonaro e podem mostrar um horizonte diferente para a democracia brasileira.

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Fonte: Redação Terra
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