Alcolumbre e Motta, insatisfeitos com o governo Lula, não compareceram à sanção da ampliação da isenção do IRPF, mas foram elogiados por Haddad por sua atuação no Congresso mesmo em meio a um cenário de crise política.
Mesmo com a ausência dos presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB) no evento em que foi sancionada a lei que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) para contribuintes que recebem até R$ 5 mil mensais, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fez questão de mencioná-los nominalmente durante discurso nesta quarta-feira, 26.
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Alcolumbre e Motta não estiveram presentes na cerimônia de sanção da ampliação da faixa do IR, em um gesto interpretado como um sinal de descontentamento enviado ao governo diante do momento delicado na relação com o Congresso Nacional.
Ainda assim, Haddad destacou o papel central dos dois na condução do projeto no Congresso e afirmou: "Queria cumprimentar o presidente Hugo Motta e o presidente Alcolumbre, agradecer muito o empenho dos dois na tramitação desse projeto. Sem que eles fossem diligentes com o tema, seria impossível celebrar esse ano e implementar o imposto de renda zero a partir de janeiro do ano que vem."
Haddad ainda reforçou a importância institucional dos presidentes das duas Casas para o andamento das pautas do governo. "Queria dizer a eles que o Brasil precisa muito deles", afirmou o ministro, acrescentando que, na posição que ocupam, é fundamental que deem atenção especial aos trabalhos neste ano. O ministro concluiu reconhecendo publicamente a liderança de ambos.
A liderança do Congresso vive um confronto aberto com o governo Lula. Dias após Alcolumbre declarar que será um "novo Davi" para o Palácio do Planalto, houve mais uma crise no cenário político. O senador demonstrou indignação com a decisão de Lula de indicar o ministro da Advocacia-Geral da União, Jorge Messias, para uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF). O presidente do Senado defendia a nomeação de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para a Corte.
Motta, por outro lado, tem afirmado que vem sendo desrespeitado pelo líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ). A situação se agravou de vez quando Motta afirmou, nesta segunda-feira, 24, que deixará de ter qualquer relação com Lindbergh. O presidente da Câmara está irritado com o fato de líderes e dirigentes do PT utilizarem as redes sociais para criticar sua forma de conduzir os trabalhos.
Na visão de Motta, Lindbergh incentiva essas críticas para "esconder falhas na articulação política" do Planalto. O estopim para sua irritação, porém, foi a reação do líder petista e de membros do governo às alterações feitas no projeto de lei antifacção. A proposta, enviada à Câmara pelo Ministério da Justiça, acabou aprovada com diversas modificações em relação ao texto original.
Lindbergh criticou o fato de Motta ter escolhido o deputado Guilherme Derrite (PP-SP), secretário da Segurança Pública de São Paulo, como relator do projeto antifacção. A iniciativa foi renomeada por Motta e Derrite como Marco Legal do Combate ao Crime Organizado.
A indicação de Derrite também foi mal recebida pelo Planalto, já que o deputado é aliado próximo do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), apontado como possível adversário de Lula nas eleições de 2026.
"Se há uma crise de confiança na relação entre o governo e o presidente da Câmara, isso tem mais a ver com as escolhas que o próprio Hugo Motta tem feito", declarou Lindbergh, chamando o colega de imaturo. "Ele que assuma as responsabilidades por suas ações".