O advogado Paulo Cintra, que defende o ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Alexandre Ramagem, entrou em uma discussão acalorada com a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Cármen Lúcia. O confronto aconteceu após o final da fala do jurista, quando a magistrada pediu licença para fazer uma correção e chamou a atenção de Cintra.
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“O nobre advogado fez muitas referências à campanha pelo processo eleitoral auditável. Mas Vossa Senhoria sabe a distinção entre processo eleitoral auditável e voto impresso. Por que o senhor repetiu como se fosse sinônimo, mas não é”, disse a ministra, que também é presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Ela explicou que o processo eleitoral brasileiro já é auditável desde 1996, quando as urnas eletrônicas foram implementadas. Em seguida, afirmou que o voto impresso é contrário ao voto secreto, que garante a liberdade de escolha política dos eleitores.
Cintra retrucou, afirmando que confia na segurança das urnas e que apenas equiparou o voto impresso ao auditável em referências às falas do ex-presidente Jair Bolsonaro, réu no mesmo julgamento. “A minha opinião…”, disse o advogado, antes de ser interrompido pela ministra: “Não se trata de opinião, é fato que o sistema eleitoral brasileiro é auditável. Ponto!”
Depois do debate, o advogado voltou a sentar-se diante dos ministros, em silêncio. Não foi a primeira vez que Cintra e Cármen entraram em atrito sobre o mecanismo de voto no Brasil. Em março, durante a primeira sessão de análise da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), o advogado afirmou que a segurança das urnas era de responsabilidade da Abin, o que a ministra refutou dizendo que se trata da atribuição de outro órgão.