Polícia Civil e MPRJ realizam maior operação contra tráfico de animais silvestres no Brasil, com 32 prisões, 600 animais resgatados e mandados contra o ex-deputado TH Joias.
A Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu 32 pessoas nesta terça-feira, 16, suspeitas de envolvimento em uma organização criminosa especializada no tráfico de animais silvestres, armas e munições. As prisões ocorreram durante a Operação São Francisco, considerada pela instituição como a maior já realizada no Brasil contra esse tipo de crime. Um dos alvos é o ex-deputado TH Jóias.
Receba as principais notícias direto no WhatsApp! Inscreva-se no canal do Terra
De acordo com a corporação, mais de 600 animais silvestres haviam sido resgatados até a publicação desta reportagem. A força-tarefa cumpre mais de 40 mandados de prisão e 270 de busca e apreensão em diferentes regiões do Estado do Rio de Janeiro, além de São Paulo e Minas Gerais.
As investigações, lideradas pela Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA) em conjunto com o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), duraram cerca de um ano e identificaram 145 suspeitos ligados ao esquema. A quadrilha era a principal responsável pelo fornecimento de animais em feiras clandestinas e pela venda ilegal de armamento pesado, aponta a investigação.
O ex-deputado estadual Tiego Raimundo dos Santos Silva, TH Jóias, foi alvo de um mandado de busca e apreensão na operação desta terça. O ex-parlamentar já havia sido denunciado pelo MPRJ em 2023 por participação no comércio ilegal de aves e animais silvestres.
A defesa de TH Joias não foi localizada para comentar a operação. O espaço segue aberto para manifestação.
Segundo a Polícia Civil, a organização criminosa alvo da operação desta terça atuava de forma estruturada em diferentes núcleos. Um deles era responsável pela caça em larga escala de animais em seus habitats naturais. Outro se encarregava do transporte e da entrega aos centros urbanos, onde os bichos eram comercializados em condições precárias.
Havia também núcleos especializados em primatas, que caçavam e dopavam macacos retirados de áreas como o Parque Nacional da Tijuca. Outro grupo se dedicava à falsificação de anilhas, chips e documentos oficiais para esconder a origem ilegal dos animais.
A quadrilha também mantinha relações próximas de facções criminosas, o que permitia a realização de feiras clandestinas em áreas dominadas pelo tráfico de drogas.
O secretário de Polícia Civil, delegado Felipe Curi, afirmou que o grupo atuava há décadas no Rio de Janeiro. "Além do crime ambiental, que é gravíssimo, esse grupo ainda comercializava armas e munições, que eram usadas para a prática de diversos outros delitos", disse.
Para dar suporte à operação, uma base foi montada na Cidade da Polícia, na capital. Os animais resgatados recebem atendimento veterinário e serão encaminhados para centros de triagem, onde passarão por um processo de reabilitação antes da possível reintrodução na natureza.
Mais de mil policiais civis, além de equipes do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e das Polícias Federal e Rodoviária Federal participaram da força-tarefa.
Segundo a Polícia Civil e o MPRJ, a investigação continua em andamento para localizar outros integrantes da organização criminosa e ampliar o número de prisões ainda nos próximos dias.