O governador Cláudio Castro anunciou reunião com o ministro Alexandre de Moraes para discutir a letalidade policial no Rio de Janeiro, enquanto defendeu a operação policial na Penha e alegou manipulação de corpos como fraude processual.
O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), afirmou nesta quinta-feira, 28, que marcou reunião com o ministro Alexandre de Moraes, relator da Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 635, que trata da letalidade policial no estado. O encontro deve ocorrer na próxima segunda-feira, 3.
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O anúncio foi feito em um vídeo publicado nas redes sociais, que mostra um trecho da reunião do governador com a Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados, realizada no fim da manhã desta quinta.
Recebi hoje, no Centro Integrado de Comando e Controle, a Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados.
Em meio a tanta guerra de narrativa, o Rio responde com a verdade e transparência. pic.twitter.com/xTQztSgwnh
— Cláudio Castro (@claudiocastroRJ) October 30, 2025
Durante o encontro, Castro voltou a citar as imagens divulgadas por ele na quarta-feira, 27, que, segundo de acordo com o governador, mostrariam uma "fraude processual" e pessoas manipulando corpos, após a operação policial nos complexos do Alemão e da Penha.
O governador voltou a defender a ação polícia, que terminou com mais de cem mortos e é a mais letal do país. "O Estado não escondeu corpo algum. Não foi o Estado que botou ninguém de cueca, tirando os camuflados. O Estado deixou onde estava para que a perícia pudesse agir com isenção", afirmou.
Castro também declarou que a reunião com Moraes não será feita no Palácio Guanabara, mas sim "na casa das polícias", para garantir transparência e fiscalização. "Não temos medo de órgão de controle algum. Estamos trabalhando com honestidade, com a verdade e com seriedade", afirmou o governador.
Ele agradeceu a presença dos deputados e secretários estaduais e encerrou o discurso dizendo que não há espaço para politização. "Qualquer autoridade que quiser vir, pode vir naquela lógica: ou soma conosco, ou some, porque a gente não precisa de gente para fazer politicagem", concluiu.
Nesta quinta-feira, 29, o secretário da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Felipe Curi, já havia afirmado que os moradores que participaram da remoção dos corpos na área de mata do Complexo da Penha serão investigados por fraude processual. Após a megaoperação contra o Comando Vermelho, mais de 70 corpos foram levados à praça São Lucas por pessoas da vizinhança.
Imagens que rodaram o País mostram moradores e familiares cercando os corpos de pessoas mortas no Complexo da Penha. Segundo o secretário, alguns desses registros ajudariam a apurar a conduta de moradores que, de acordo com ele, removeram evidências.
“Temos imagens de pessoas retirando as roupas dos marginais e colocando em via pública. Essas pessoas serão responsabilizadas”, declarou, referindo-se à investigação por fraude processual. Ainda segundo Curi, outros 58 corpos foram retirados pela polícia.
O secretário foi firme ao afirmar que os corpos levados à praça seriam de suspeitos que usavam 'roupas táticas' durante o confronto. "Parece ter ocorrido uma espécie de 'milagre' com os corpos que estão aparecendo hoje. Esses indivíduos estavam na mata, equipados com roupas camufladas, coletes e armamentos", detalhou.
"Agora, muitos deles surgem apenas de cueca ou short, sem qualquer equipamento, como se tivessem atravessado um portal e trocado de roupa. Temos imagens que mostram pessoas retirando esses criminosos da mata e os colocando em vias públicas, despindo-os. A 22ª Delegacia de Polícia instaurou um inquérito para investigar possível fraude processual", completou.