Caso Marielle Franco: defesa de ex-PM deixa caso e se diz ‘supresa’ com delação

Élcio de Queiroz firmou acordo com a PF e Ministério Público do Rio. Defesa afirma que não concorda com delação

25 jul 2023 - 10h59
(atualizado às 11h18)
Ex-policial militar Elcio Vieira de Queiroz é condenado a 5 anos de prisão
Ex-policial militar Elcio Vieira de Queiroz é condenado a 5 anos de prisão
Foto: Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro/ Reprodução / Estadão

Após a divulgação da delação premiada do ex-PM Élcio de Queiroz, que responde pelo assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes, a então defesa do réu deixou o caso. Em nota, o advogado João Henrique Santana Telles afirmou que foi ‘surpreendido’ pelo acordo com a Polícia Federal (PF) e com o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ).

A delação foi confirmada na manhã de segunda-feira, 24, pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, em uma coletiva para tratar da operação que resultou na prisão do ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, conhecido como Suel.

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De acordo com Telles, a defesa tomou conhecimento do acordo feito por Élcio também nesta segunda. “Foi surpreendido e desconhecia completamente a intenção e a execução da delação premiada já homologada por parte do réu”, afirma.

Ainda segundo o advogado, sempre manteve uma relação “transparente e positiva” com o ex-PM, deixando claro que “não compactuava com o instituto da delação premiada”, e reafirmou que a base da contratação e a manutenção da relação jurídica se limitava a defendê-lo tecnicamente perante ao Tribunal do Júri.

“Diante disso, entende o subscritor que a relação fiduciária estabelecida com o sr. Élcio Vieira de Queiroz, foi ferida de morte, rompida de modo unilateral pelo réu, inviabilizando assim a manutenção na defesa técnica, bem como dos poderes que lhe foram outorgados no instrumento mandatário”. Sendo assim, Telles pediu a renúncia do cargo.

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Delação

Após firmar o acordo, Élcio deu detalhes da dinâmica do crime que vitimou Marielle e seu motorista, no dia 14 de março de 2018. Ele dirigia o Cobalt usado no homicídio, e Ronnie Lessa foi responsável pelos disparos.

O ex-PM afirmou que foi chamado por Ronnie no dia do crime, e soube que se tratava de uma execução quando o colega vestiu um casaco e retirou a metralhadora da bolsa, além do silenciador da arma.

Eles esperaram Marielle sair da Casa das Pretas, e seguiram o carro no qual estava por algumas ruas. Dentro do veículo, Ronnie já estava com uma touca ninja (balaclava) e de metralhadora na mão. Quando surgiu uma 'oportunidade', Ronnie pediu para Élcio emparelhar o carro.

"Ele [Ronnie Lessa] já estava com o vidro aberto e eu só escutei a rajada; da rajada, começou a cair umas cápsulas na minha cabeça e no meu pescoço", contou. "Aí caíram as cápsulas em mim e ele falou 'vão bora'; eu nem vi se acertou quem, se não acertou", disse Élcio em depoimento à PF.

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Após o crime, os dois fugiram. Élcio e Ronni estão presos desde 2019, e respondem pelo crime no Tribunal de Júri do Rio. 

Fonte: Redação Terra
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