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Ministro da Fazenda cita Chico Buarque para negar 'erro' na economia

15 nov 2015 - 19h03

Em meio a rumores sobre sua possivel substituição do cargo, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou neste domingo que permanece no cargo "até segunda ordem". "Estou navegando", disse o titular da economia a repórteres ao fim do primeiro dia da cúpula do G20, em Antália, na Turquia.

Com projetos do pacote de ajuste fiscal em ritmo lento no Congresso e sob "fogo amigo" de setores da base aliada e do próprio PT, Levy se disse "otimista" e citou a aprovação pela Câmara dos Deputados, na semana passada, de projeto que para regularização de recursos de brasileiros não declarados no exterior, uma das medidas da cesta de austeridade.

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O ministro relacionou à atual recessão no país – o PIB deve cair ao menos 2,8% em 2015, pela previsão oficial – ao ambiente de incerteza gerado pelo ajuste fiscal e medidas que precisam ser aprovadas. Citou até trechos de A Banda, de Chico Buarque, para explicar sua tese.

"Por que o PIB está caindo? Porque hoje todo mundo parou. O homem sério que contava dinheiro parou. A namorada que contava estrelas parou. Para quê? Para ver o que vai ser votado. Enquanto não resolver essa questão, todo mundo parou. PIB é fluxo, você não toma as ações e o PIB naturalmente parou, é fluxo. Não é que esteja nada errado exatamente na economia, só que ele parou. Até o faroleiro parou. Muito bem, alguns não."

Pauta-bomba

Levy mencionou a importância de o Congresso manter os vetos da presidente Dilma sobre a chamada pauta-bomba – projetos que, se aprovados, irão elevar os gastos do Planalto.

Para ele, uma eventual vitória na próxima semana será "manifestação muito concreta de que o Congresso, a sociedade entende que você não pode dar aumento de 70% para o funcionalismo público neste momento". O ministro repetiu o que havia disse em setembro ao classificar os rumores sobre sua saída como "folhetim".

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"O folhetim não é importante, o importante é o avanço das medidas. Houve algum avanço, e é nisso em que a gente deve estar focado." Disse que "permanece até segunda ordem" no posto. "Acho que tenho respaldo (da presidente Dilma)", afirmou.

Sobre informações veiculadas na imprensa atribuídas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que teria dito que o ministro tem "prazo de validade vencido", Levy afirmou que "certas coisas não são verificáveis", mas pontuou: "Nunca tive grandes diferenças com o presidente Lula".

'Paciência

Em seguida, elogiou a "grande sabedoria" do antecessor de Dilma: "ter paciência" no começo de seu governo para fazer a economia engrenar aos poucos depois dos problemas de 2002.

Ao se dizer otimista sobre o estado da economia, o ministro afirmou que famílias e empresas no Brasil não tem "alavancagem" (jargão econômico para endividamento), e que a resposta será rápida caso o ajuste fiscal passe no Congresso, ao lado de medidas mais estruturais. Num caminho de três pontos até a retomada, disse o ministro, o Brasil está em "0.7", afirmou. "O segredo é ter paciência, não tem fórmula mágica."

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Entre os eixos mais amplos de medidas em que Levy necessárias à retomada, Levy citou a prorrogação da DRU (Desvinculação de Receitas da União), que permite ao governo gastar livremente até 20% do Orçamento, abertura de mercados, desindexação e reforma da Previdência.

Em referência ao desejo do governo de recriar a CPMF, Levy disse que a presidente "apoia algo tão impopular como um imposto novo", porque o governo tem convicção de que, uma vez eliminados os riscos fiscais, a demanda voltará, e a economia entrará em ciclo virtuoso.

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