SSP se reúne com manifestantes para acordo sobre protesto desta 2ª em SP

17 jun 2013 - 08h05
(atualizado às 13h59)

Está marcada para às 10h desta segunda-feira uma reunião entre representantes da Secretaria de Segurança Pública (SSP) do Estado de São Paulo e do Movimento Passe Livre. De acordo com o responsável pela pasta, Fernando Grella Vieira, o objetivo do encontro é garantir que a nova manifestação contra o aumento das passagens na capital paulista, marcada para o fim da tarde de hoje, seja realizada pacificamente. 

"Queremos que os manifestantes exerçam seu direito de expressar, de protestar e também queremos assegurar a partir desta reunião que as pessoas que trabalham e que estudam possa o fazer da melhor maneira possível", afirmou Vieira em entrevista coletiva no domingo. Ele também informou que o comando da Polícia Militar participará da reunião. 

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De acordo com a SSP, o encontro tentará organizar um trajeto a ser utilizado na manifestação para que "população não saia prejudicada" e possa ser alertada com antecedência. "São Paulo é uma cidade livre e em que se pode exercer a cidadania. São Paulo não quer violência, os paulistanos, mesmo os que não participam do movimento, não querem que se repitam os fatos da semana passada", ressaltou o secretário.

As autoridades de São Paulo afirmaram no domingo que a polícia não usará gás lacrimogênio ou balas de borracha para reprimir os protestos, com o objetivo de evitar os enfrentamentos da última quinta, quando dezenas de manifestantes ficaram feridos, além de vários jornalistas e fotógrafos que trabalhavam no local. Além disso, foi informado que ninguém será preso por levar consigo recipientes com vinagre. 

A repressão policial gerou uma onda de críticas da imprensa e de diversos setores políticos, que condenaram os métodos usados pelas autoridades para conter as manifestações.

Além de São Paulo, novas manifestações foram convocadas para esta segunda-feira nas cidades do Rio de Janeiro, Recife, Goiânia, Campinas, Florianópolis, Cascavel, Belém, Vitória, Niterói, Sorocaba, entre outras, sob o lema: "A luta se nacionalizou".

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O protesto atingiu dimensões internacionais, e muitos brasileiros que moram no exterior se organizaram através das redes sociais para convocar manifestações em pelo menos 28 cidades das Américas e da Europa. No domingo, foram realizados atos de apoio em Berlim (Alemanha), Dublin (Irlanda), Boston (Estados Unidos) e Montreal (Canadá). As demais manifestações devem ser realizadas no decorrer desta semana.

Cenas de guerra nos protestos em SP

A cidade de São Paulo enfrenta protestos contra o aumento na tarifa do transporte público desde o dia 6 de junho. Manifestantes e policiais entraram em confronto em diferentes ocasiões e ruas do centro se transformaram em cenários de guerra. Enquanto policiais usavam bombas e tiros de bala de borracha, manifestantes respondiam com pedras e rojões.

Durante os atos, portas de agências bancárias e estabelecimentos comerciais foram quebrados, ônibus, muros e monumentos pichados e lixeiras incendiadas. Os manifestantes alegam que reagem à repressão opressiva da polícia, que age de maneira truculenta para tentar conter ou dispersar os protestos.

Segundo a administração pública, em quatro dias de manifestações mais de 250 pessoas foram presas, muitas sob acusação de depredação de patrimônio público e formação de quadrilha. No dia 13 de junho, o protesto foi marcado pela repressão e pelo abuso da ação policial. A passeata, que começou pacífica - com jovens cantando, carregando cartazes e distribuindo flores para a população -, terminou com cenas de guerra em diversas ruas do centro.

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As primeiras bombas de gás lacrimogênio lançadas pela Polícia Militar na rua da Consolação deram início a uma sequência de atos violentos por parte das forças de segurança, que se espalharam até por quase até meia-noite. Enquanto os policiais atacavam com bombas e tiros de bala de borracha, os manifestantes respondiam com pedras e rojões.

A polícia teria iniciado o confronto porque um acordo com os manifestantes teria sido rompido. Segundo o major Lidio Costa Junior, do Policiamento de Trânsito da PM, o combinado era que a manifestação, que começou na praça Ramos de Azevedo, em frente ao Theatro Municipal, se encerrasse na praça Roosevelt, ao lado da igreja da Consolação. "Se não é para cumprir acordo, não adianta reclamar das consequências", disse o major.

Ônibus estacionados, pedestres que passavam nas regiões onde houve confrontos e veículos de paulistanos viraram reféns da situação. Durante a troca de pedradas e bombas, muitos motoristas fecharam os veículos e se abrigaram no comércio da região. Em ônibus e estações de metrô, mulheres e crianças, além de adultos, sofreram com os efeitos do gás lacrimogêneo.

O cenário foi de caos: manifestantes e pessoas pegas de surpresa pelo protesto correndo para todos os lados tentando se proteger; motoristas e passageiros de ônibus inalando gás de pimenta sem ter como fugir em meio ao trânsito; e vários jornalistas, que cobriam o protesto, detidos, ameaçados ou agredidos.

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O fotógrafo do Terra Fernando Borges foi um dos profissionais da imprensa presos enquanto cobria a manifestação. Ele portava crachá de imprensa, equipamento fotográfico de trabalho e se apresentou como jornalista, mas foi levado pelos policiais. Ele passou 40 minutos detido junto com outros manifestantes, de frente para a parede, com as mãos nas costas e a cabeça baixa, e depois foi liberado.

O repórter do Terra Vagner Magalhães levou um golpe de cassetete de um policial militar durante a cobertura do evento. Ele foi agredido no braço, no vão-livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp). Próximo à praça Roosevelt, no centro, a também repórter do Terra Marina Novaes chegou a ser detida, mas foi dispensada depois que se apresentou como jornalista.

Sete repórteres do jornal Folha de S. Paulo foram atingidos, sendo que os jornalistas Giuliana Vallone e Fábio Braga levaram tiros de balas de borracha no rosto enquanto trabalhavam no protesto. Uma imagem de Giuliana com o olho inchado após o tiro circula repercutiu nas redes sociais. O fotógrafo Sérgio Silva, da agência Futura Press, que foi atingido no olho esquerdo por um tiro de bala de borracha disparado pela PM durante o protesto corre risco de perder a visão.

As agressões da polícia repercutiram negativamente na imprensa e também nas redes sociais. Vítimas e testemunhas da ação violenta divulgaram relatos, fotografias e vídeos na internet e obrigaram uma atitude dos governos estadual e municipal. A Secretaria de Segurança Pública (SSP) do Estado afirmou que a polícia não usará balas de borracha para reprimir os novos protestos. Foi informado também que ninguém será preso por levar consigo recipientes com vinagre.

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Além disso, diante da persistência dos movimentos em manter os protestos pela causa, o governo de São Paulo convocou representantes para uma reunião com a SSP para o dia 17 de junho. A prefeitura da capital paulista também sinalizou que irá se reunir com os grupos no dia 18 de junho. "O objetivo (do convite) é garantir que todos possam exercer seu direito de manifestação de forma segura e pacífica", disse o governador Geraldo Alckmin (PSDB) em seu perfil no Twitter. "Preservando assim a liberdade de expressão, o interesse público e os serviços essenciais", complementou.

No dia seguinte ao protesto marcado pela violência, em entrevista à TV Bandeirantes, o governador declarou que via "ações coordenadas" oportunistas no movimento que cobra a suspensão do reajuste das tarifas de transporte público na capital paulista e em outras cidades do País. Ele reiterou por diversas vezes "a defesa do direito de ir e vir" da população e garantiu que não permitirá que os manifestantes prejudiquem a circulação de veículos e pessoas.

No mesmo dia, em entrevista ao programa Bom Dia SP, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), afirmou que a Polícia Militar deve ser investigada por abusos cometidos durante a repressão à manifestação, mas não deixou de criticar a ação dos ativistas. "Infelizmente, na terça, vimos violência contra policiais. Hoje, o Brasil conhece cenas de violência que ensejaram uma abertura de investigação pela SSP”, disse. "São cenas lamentáveis que não condizem com o espírito de São Paulo", afirmou.

A mobilização em torno do aumento da tarifa de ônibus ultrapassou as fronteiras do País e ganhou as ruas de várias cidades do mundo. Nos dias 15 e 16 de junho, dezenas de manifestações foram organizadas em outros países em apoio aos protestos em São Paulo e repúdio à ação violenta da Polícia Militar. Eventos foram marcados pelas redes sociais em quase 30 cidades da Europa, Estados Unidos e América Latina.

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As passagens de ônibus, metrô e trem da cidade de São Paulo passaram a custar R$ 3,20 no dia 2 de junho. A tarifa anterior, de R$ 3, vigorava desde janeiro de 2011.

Segundo a administração paulista, caso fosse feito o reajuste com base na inflação acumulada no período, aferido pelo IPC/Fipe, o valor chegaria a R$ 3,40. "O reajuste abaixo da inflação é um esforço da prefeitura para não onerar em excesso os passageiros", disse em nota.

O prefeito da capital havia declarado que o reajuste poderia ser menor caso o Congresso aprovasse a desoneração do Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) para o transporte público. A proposta foi aprovada, mas não houve manifestação da administração municipal sobre redução das tarifas.

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Fonte: Terra
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