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Entenda o que se sabe sobre o acidente com Porsche que matou motorista de aplicativo em SP

Colisão aconteceu na madrugada do domingo de Páscoa e continua sendo investigada; no sábado, 6, a Polícia Civil de São Paulo voltou a pedir a prisão de Fernando Sastre de Andrade Filho

2 abr 2024 - 13h42
(atualizado em 7/4/2024 às 11h57)

A polícia segue na investigação do acidente envolvendo o empresário Fernando Sastre de Andrade Filho, de 24 anos, que colidiu seu carro de luxo, um Porsche 2023 avaliado em mais de R$ 1 milhão, na traseira de outro veículo, um Renault Sandero, provocando a morte de Ornaldo da Silva Viana, motorista de aplicativo de 52 anos.

Acidente na Avenida Salim Farah Maluf em que um Porsche atingiu e destruiu um Sandero. O motorista do Porsche fugiu e se enrtegou 40 horas depois; o do Sandero, morreu.
Acidente na Avenida Salim Farah Maluf em que um Porsche atingiu e destruiu um Sandero. O motorista do Porsche fugiu e se enrtegou 40 horas depois; o do Sandero, morreu.
Foto: Divulgação/Policia Civil de SP / Estadão

O acidente foi registrado na madrugada do domingo de Páscoa, 31, mas o condutor do carro de luxo apenas se apresentou no 30º Distrito Policial do Tatuapé, zona leste da capital, na tarde de segunda-feira, 1º. Ele se entregou quase 40 horas depois da ocorrência, no mesmo dia em que Viana foi enterrado em Guarulhos, na Grande São Paulo.

Ainda na segunda-feira, a Justiça de São Paulo decidiu não prender o condutor da Porsche por considerar que não havia elementos suficientes para decretar a prisão temporária. O pedido havia sido feito pela Polícia Civil de São Paulo.

Posteriormente, no sábado, 6, a Polícia Civil de São Paulo voltou a pedir a prisão do motorista do Porsche. Desta vez, foi solicitada a prisão preventiva do empresário.

Veja o que se sabe sobre o caso:

Quando e onde aconteceu o acidente?

Andrade Filho dirigia um Porsche 2023 avaliado em mais de R$ 1 milhão, quando na madrugada de domingo, por volta das 2h20, bateu na traseira do Renault Sandero branco que era dirigido por Viana.

Conforme imagens do acidente e relatos feitos por testemunhas à Polícia Civil, o empresário do carro de luxo seguia em alta velocidade pela Avenida Salim Farah Maluf, no Tatuapé, que tem limite de 50 km/h. Ao fazer a ultrapassagem, ele teria perdido o controle do Porsche e batido contra a traseira do Renault Sandero.

A colisão foi registrada na altura do número 1.801 da via. Por causa da gravidade, a traseira do Renault Sandero ficou completamente destruída, assim como a dianteira do Porsche. Policiais Militares da 2ª Companhia do 2º Batalhão de Trânsito foram acionados.

Quem foi a vítima da colisão?

Ornaldo da Silva Viana chegou a ser socorrido com um quadro de parada cardiorrespiratória e encaminhado ao Hospital Tatuapé. O motorista de aplicativo morreu por causa de "traumatismos múltiplos".

Um passageiro que estava no veículo do empresário ficou ferido. Ele foi levado ao Hospital São Luiz para atendimento e passa bem.

Quem é o empresário suspeito de dirigir o Porsche que causou acidente com morte em SP?

Andrade Filho atua no mercado imobiliário e de materiais de construção civil. Entre as empresas da família, o nome de Fernando aparece no quadro de sócios da incorporadora Sastre Empreendimentos Imobiliários. Além da incorporação, a empresa atua na compra, venda, locação e loteamento de imóveis próprios.

O quadro societário é formado por quatro pessoas, todas da mesma família. Fundado em outubro de 2020, o negócio tem sede na capital paulista com investimento inicial declarado de R$ 430 mil.

Outra empresa da família é a F. Andrade, voltada para a comercialização de materiais e insumos para construção civil. É descrita como empresa de pequeno porte, também com sede em São Paulo.

E com relação aos policiais que deixaram o motorista do Porsche ir embora da cena do acidente?

A conduta dos policiais militares, que deixaram o motorista ir embora, será investigada, pela Polícia Militar.

O ouvidor Claudio Silva disse à reportagem do Estadão que a Ouvidoria da Polícia Civil acionou a Corregedoria da Polícia Militar para apurar a conduta dos agentes.

A Polícia Civil também investiga as razões para os policiais militares que atenderam à ocorrência terem liberado o empresário, que se apresentou quase 40 horas depois do incidente.

Policiais civis ouvidos pela reportagem sob sigilo disseram que os policiais militares demoraram quase cinco horas para comunicar o acidente com morte à delegacia.

A SSP afirma ainda que analisará a dinâmica da ocorrência para identificar eventual erro de procedimento operacional.

O que diz a defesa do motorista do Porsche?

Em nota assinada pelos advogados Carine Acardo Garcia e Merhy Daychoum, a defesa considera o ocorrido como uma fatalidade, mas afirma ser prematuro ainda o julgamento do que provocou a batida. "Prematuro, neste momento, julgarmos as causas do acidente, na medida em que os laudos das perícias realizadas ainda não foram concluídos", disse em nota. Os advogados se manifestaram após a apresentação do empresário à polícia.

A defesa do empresário também negou que o cliente tenha fugido do local do acidente e afirmou que ele apenas se "resguardou de linchamento".

"Importante destacar que Fernando não fugiu do local do acidente, uma vez que já havia socorro sendo prestado às outras vítimas. Fernando, já devidamente qualificado pelos policiais militares de trânsito, tendo sido liberado pela Polícia Militar para que fosse encaminhado ao hospital. Contudo, por fundado receio de sofrer linchamento, já que naquele momento passou a sofrer o 'linchamento virtual', bem como por conta do choque causado pelo acidente e pela notícia do falecimento do motorista do outro veículo, foi necessário seu resguardo", alega a defesa.

De acordo com a defesa do empresário, todas as circunstâncias do acidente serão devidamente apuradas no curso da investigação, com a mais ampla colaboração de Andrade Filho.

Quem era o motorista de aplicativo que morreu no acidente?

Viana nasceu em Codó, no Maranhão, e morava atualmente em Guarulhos. Pai de três filhos, o motorista era evangélico da IURD (Igreja Universal do Reino de Deus). Era do tipo brincalhão, extrovertido, riso fácil, de acordo com os amigos.O que diz a família de Viana?

"Meu pai não merecia essa crueldade", disse o filho da vítima, Lucas Morais, 28 anos, também motorista por aplicativo. A dor da perda dá espaço à indignação. "Porque não fizeram o bafômetro? Por que liberaram ele (o motorista do Porsche)? Não entendo muito de lei, mas não podem liberar ninguém depois de um acidente daquele", afirmou ele.

O que mais falta esclarecer?

A velocidade em que o Porsche estava no momento do acidente será indicada pela perícia. Pelas horas passadas desde o acidente, nenhum exame conseguirá comprovar a eventual embriaguez do motorista.

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