O comandante do 9° Batalhão de Ações Especiais de Polícia (Baep) da Polícia Militar, Tenente Coronel José Thomaz Costa Júnior, veio a público nesta quarta-feira, 16, explicar a manifestação de policiais do seu batalhão, que foram filmados fazendo um gesto que remete à saudação nazista, com os braços direitos estendidos e em volta de uma cruz em chamas. A cerimônia, realizada em São José do Rio Preto, no interior de São Paulo, foi filmada e postada nas redes sociais do batalhão na última terça, 15, mas apagada na sequência.
O militar negou que o gesto tivesse um teor supremacista ou vinculação com alguma ideologia, e disse que a cerimônia com a cruz em chamas e um caminho feito com fogo tinha o objetivo de representar a "vitória" dos policiais que estavam se formando para ingressar à corporação. "Aquela estrutura (estrutura em formato de cruz em chamas) simboliza a vitória, sobre os sacrifícios e o peso que doravante policial adquirem para honrar esse período de estágio", disse o tenente.
O vídeo foi gravado em um local aberto, com viaturas e bandeiras compondo o cenário. No local, vários policiais militares aparecem fardados e com os braços erguidos na altura do peito. Eles fazem uma espécie de coreografia, acompanhada de trilha sonora. Há ainda duas linhas paralelas feitas com sinalizadores no chão. Em outras imagens, é possível observar um brasão de fogo com a palavra Baep - Batalhão de Ações Especiais de Polícia.
O evento se tratava de uma cerimônia de encerramento do estágio supervisionado de policiais militares que, após a formação, foram integrados à unidade. Os novos agentes receberam dois braçais representativos como forma de simbolizar a passagem pela etapa.
Em nota, o Baep descreveu a cerimônia como um evento de "caráter simbólico e tradicional" e realizada para reconhecer o esforço dos militares "que concluíram todas as etapas do exigente processo de formação especializado".
O vídeo chama a atenção também pela cruz em chamas, uma estrutura usada pelo grupo Ku Klux Klan, uma organização de extrema direita e conhecida por pregar a supremacia branca e o ódio a negros e judeu. Eles surgiram por volta de 1865, nos Estados Unidos.
O Tenente Coronel José Thomaz Costa Júnior, comandante do batalhão, afirmou que o BAEP não teve a intenção de promover uma cerimônia religiosa, política ou racial. "Isso não faz parte da nossa rotina, nós não fazemos rituais. Nós cumprimos cerimônias e esse foi o único propósito daquilo que aconteceu ontem (terça-feira, 15)".
Conforme o Baep, a utilização do fogo está relacionada com o fato da cerimônia ter sido realizada à noite e com o objetivo de gerar um impacto visual. "O evento foi realizado no período noturno, em ambiente externo, o que motivou, o uso de elementos visuais com fogo para efeitos de iluminação e de impacto visual".
O conteúdo foi apagado das redes sociais. O tenente disse que a repercussão do conteúdo não foi a que o batalhão desejava. "Resolvemos tirar esse vídeo das nossas mídias sociais, mas é importante trazer agora esse esclarecimento: deixar bem claro para o cidadão rio-pretense e da região que (...) isso não vai abalar o nosso compromisso de defesa da sociedade, de combater o crime e cumprir as leis". /COLABOROU JOSÉ MARIA TOMAZELA