Um aluno veterano do curso de medicina da Universidade Federal do Paraná (UFPR) é acusado de apologia ao nazismo após enviar uma mensagem de áudio em um grupo no WhatsApp. O caso foi reportado nesta terça-feira (30) pelo Diretório Acadêmico Nilo Cairo em uma rede social.
Na mensagem de voz enviada pelo estudante, à qual a Banda B teve acesso, dois estudantes interagem e um deles diz: "Heil, Hitler". A frase pronunciada se refere a uma saudação nazista, um cumprimento e apoio ao ditador da Alemanha Adolf Hitler. O áudio foi enviado em um grupo que reúne estudantes de medicina.
Logo após o áudio, o aluno escreveu: "#lacre". Em seguida, colegas questionaram a mensagem enviada pelo acadêmico e reprovaram a atitude. Segundos depois, ele apagou o áudio. Mais tarde, um outro aluno citou que a mensagem se enquadrava em um crime.
No mesmo grupo em que o caso aconteceu, um estudante disse aguardar um posicionamento do suspeito e destacou que o tema não deve possuir tom de brincadeira. "Não existe bebida no mundo que justifique e torne alguém tranquilo com o nazismo e literalmente gravar alguém fazendo apologia nazista. […] Isso não pode passar em branco", escreveu.
Em nota divulgada em um rede social, o Diretório Acadêmico Nilo Cairo disse que o áudio em questão foi gravado pelo estudante de medicina, mas o dono da voz seria outra pessoa.
"Houve o envio de um áudio no grupo da turma 20.2 durante a acolhida dos calouros, em que um aluno do 20.2 gravou uma mensagem com a voz de um terceiro indivíduo, fazendo apologia ao nazismo. […] O diretório acadêmico, como instituição representativa dos estudantes de medicina, repudia os acontecidos e informa que tomará todas as medidas legais e institucionais cabíveis contra os alunos envolvidos", afirmou a entidade.
O diretório também mencionou uma denúncia de capacitismo contra um grupo de alunos com deficiência da instituição.
O crime de apologia ao nazismo está previsto na Lei 7.716/1989, que prevê pena de reclusão de 2 a 5 anos e multa para quem fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo.
Procurada pela Banda B, a Universidade Federal do Paraná disse que instaurou um processo disciplinar para investigar o caso. A apuração está em fase inicial, e os alunos envolvidos deverão ser ouvidos por uma comissão nos próximos dias. O procedimento irá correr sob sigilo para preservar as testemunhas.
A reportagem procurou o aluno responsável pelo envio do áudio no aplicativo de mensagens, mas não houve retorno. O espaço segue aberto.
Em setembro do ano passado, a UFPR expulsou um estudante do curso de Direito por apologia ao nazismo e homofobia, como mostrou a Banda B.
Aluno de medicina da UFPR é acusado de apologia ao nazismo após mensagem em grupo; universidade investiga foi publicado primeiro em Banda B.