Etarismo é barreira a ser quebrada para mulheres no esporte

Podcast do Papo de Mina conversa com mulheres acima dos 50 anos que destacam a importância da prática esportiva para saúde

30 mai 2022 - 05h00
(atualizado às 10h25)

A amazona australiana Mary Hanna chamou atenção na Olimpíada de Tóquio não por ter conquistado uma medalha ou por algum movimento incrível na competição de hipismo. O destaque na participação de Hanna foi a sua idade: 66 anos, a atleta mais velha dos Jogos.

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"Andar a cavalo é um desses esportes que você pode fazer independentemente da idade ou do gênero. É uma coisa fantástica. Enquanto eu me sentir apta o suficiente para andar a cavalo, eu vou continuar. É o que eu amo fazer, é a minha vida. Significa tudo para mim", disse Hanna, à época.

Claudia Moraes após vencer torneio de vôlei
Claudia Moraes após vencer torneio de vôlei
Foto: Arquivo Pessoal

A presença de mulheres mais velhas na prática esportiva não é algo comum, e causa estranheza quando acontece, além de carregar boas doses de preconceito. O etarismo é o tema deste Pod do Papo, podcast do Papo de Mina, que conversa com Claudia Moraes e Soraia Nunes.

Profissional de Educação Física e amante do esporte desde a infância, Claudia não se limita pela idade para estar sempre ativa. Se orgulha de dizer, inclusive, que está em uma fase que se sente “muito bem, obrigada”.

“Minha massa muscular está no máximo da minha idade, até passando, eu tô com percentual de gordura baixo, resistência cardiorespiratória ótima. No meu reloginho aqui, que mostra um monte de coisa, ele fala que eu tenho uma idade biológica de 28 anos”, conta, aos 53 anos. Ela ainda acrescenta: “eu estou feliz, eu nunca estive tão bem”.

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Claudia tem 53 anos e é educadora física
Foto: Arquivo pessoal

Mas Claudia faz parte de um grupo minoritário de mulheres que faz exercícios físicos.De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2015, realizada pelo IBGE, 68% nunca praticou esportes.

Ao somar o fator gênero à questão de idade, então, o resultado é ainda pior. Se as meninas têm pouco ou nenhum contato com esporte quando jovens, pela falta de incentivo, com o passar dos anos dificilmente ele irá acontecer, e ganha um elemento novo: o etarismo.

O preconceito baseado em estereótipos de idade não está presente somente no esporte. Uma pesquisa realizada pela Pearson em parceria com a Morning Consul afirma que 74% das mulheres disseram que preconceitos e discriminação etária ainda são pontos presentes na hora de buscar novas oportunidades de trabalho.

Será que uma mulher aos 50, jamais poderia estar em sua plena forma, seja ela física ou mental, aos olhos de uma sociedade etarista e machista?

Aos 56 anos, Soraia corre, pedala, joga futebol e beach tênis, entre outras modalidades
Foto: Arquivo pessoal

Soraia Nunes, 56 anos, repudia essa discriminação, e como professora de Educação Física comemora uma pequena mudança de hábitos, ao observar cada vez mais garotas praticando esportes desde a infância, comparado com o que via quando era criança.

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Por estar envolvida com atividades físicas no seu dia a dia, ela reforça a importância de não deixar de praticar algo quando a idade chega, seja aos 50, 60, 70, 80 ou até quando for possível.

“É crucial envelhecer com esporte saudável. O esporte não vai mexer só com a parte física, vai mexer também com a parte emocional,com tudo, e correspondendo com a parte física também na questão do ego, do bem-estar”, argumenta.

E para quem se preocupa com a limitação imposta pelos anos, Soraia deixa um recado: “tem que respeitar os limites, mas não precisa deixar de fazer nada.”

Para ouvir todos os episódios do podcast Papo de Mina confira a página no Spotify.

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